O facto de atentados na União Europeia se tornarem cada vez mais frequentes poderá reforçar limitações de circulação dos europeus no espaço comunitário? Sente alguma pulsão nesse sentido?.Claro que os atentados criam nas opiniões públicas um sentimento de insegurança muito compreensível e um clima favorável a medidas que imponham restrições à circulação de pessoas no interior da UE. A obrigação das autoridades é compreender esse sentimento e adotar medidas de reforço de segurança pública e de combate ao terrorismo, compatíveis com as regras do estado de direito..Da sua experiência e do seu conhecimento, sente que a intelligence tem circulado com eficácia entre as polícias europeias - e entre estas e as autoridades portuguesas - ou há que fazer mais por isso?.É sempre possível melhorar. Mas importa ter em conta que a colaboração internacional nesta área tem permitido fazer abortar vários ataques terroristas..Os atentados podem reforçar sentimentos de "Europa fortaleza", que cada vez mais mantenham do lado de lá da guerra todos os milhares de refugiados que procuram abrigo na UE?.É obrigação de todos os responsáveis políticos evitá-lo..Os atentados de ontem parecem estar ligados com os de Paris. É de rever a decisão de levar o Presidente da República e o primeiro-ministro a Paris para comemorar o 10 de junho - ou, pelo contrário, o que se passou hoje até reforça a necessidade dessa celebração?.Do ponto de vista do Ministério dos Negócios Estrangeiros não há nenhuma razão para pôr em dúvida os compromissos assumidos. Pelo contrário, a hora é de reforçar os laços de solidariedade e cooperação..Admite que a Europa enverede por um caminho legislativo cada vez mais securitário e, portanto, cada vez mais limitador das liberdades individuais dos cidadãos face ao Estado?.Segurança e liberdade não se opõem uma à outra..Julga que cada vez fará mais sentido adotar em Portugal uma política de segurança que permita aos Serviços de Informações (vulgo: secretas) fazerem escutas telefónicas - o que atualmente não é permitido no nosso país)?.Não é ao MNE que compete transmitir a posição do governo nesta matéria..Acha que o esforço dos líderes islâmicos moderados com sede na Europa não têm feito o suficiente para denunciar às autoridades as suas "ovelhas negras"?.O que se pode dizer é que todos são necessários no esforço, absolutamente essencial, de mostrar que Islão e terrorismo jihadista são coisas completamente diferentes. Lembro, aliás, que uma boa parte das vítimas do terrorismo são muçulmanas..É de excluir em absoluto que o que já se passou em Madrid, Londres, Paris e agora em Bruxelas venha um dia a chegar a Portugal?.Portugal está, e tem de estar, preparado para garantir, em qualquer circunstância, a segurança de todos.