Miguel Relvas vai ao congresso e apoia recandidatura de Passos Coelho

Antigo homem do aparelho pode vir a abandonar os órgãos nacionais no próximo congresso do partido devido à vida empresarial, mas apoia o ex-primeiro-ministro. Relvas considera Passos "o melhor" e que fez "milagre"
Publicado a
Atualizado a

Tem andado afastado da política mas vai ao congresso do PSD e apoia a recandidatura do atual líder. O antigo ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, revela ao DN: "Apoio, como sempre apoiei, Passos Coelho, que é a melhor presidência para o PSD e conseguiu o milagre de vencer as eleições [legislativas]". Além do antigo "homem do aparelho", Passos tem reforçado a posição no próprio aparelho. Mas o PSD está a mexer.

Fonte próxima da direção de Passos havia avançado ao DN que Relvas não iria integrar, desta vez, os órgãos nacionais (no último congresso encabeçou a lista apoiada pelo líder ao Conselho Nacional). Questionado pelo DN sobre o assunto, Relvas não quis, para já, falar do assunto, mas não se demitirá das funções na reunião magna. "Sou congressista, por isso, assumirei o meu lugar, a não ser que aconteça algo de extraordinário."

Relvas faz parte da lista de acionistas da Pivot - que foi adquirida pelo banco de investimentos do antigo BPN, o Efisa. É por isso que fonte próxima da direção social-democrata diz que "não faz sentido que volte a encabeçar a lista de Passos".

Entretanto, o "aparelho" laranja tem seguido sem o homem que melhor o dominava: Miguel Relvas, que se tem dedicado mais à atividade empresarial. Ainda assim, em algumas distritais têm existido situações de duas listas que os sociais-democratas ligam a duas linhas de poder no partido: a de Relvas e a de Marco António Costa.

Imune a estas situações está Passos, que tem o aparelho praticamente controlado. Nas distritais que foram a votos em 2015 não tem nenhuma hostil e nas quatro que vão/foram a votos neste trimestre volta a ter tudo controlado.

Paralelamente à eleição do líder do partido há três distritais que vão a votos a 5 de março: Bragança, Santarém e Aveiro. Em todos os casos, Passos está tranquilo.

O risco de Montenegro

É em Aveiro que há as principais movimentações, com o atual líder da distrital, Ulisses Pereira, a enfrentar forte concorrência de Salvador Malheiro. A jogada em Aveiro é arriscada para o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que decidiu apoiar um dos candidatos: Ulisses Pereira. No vídeo de apoio, Montenegro envolveu-se até numa troca de farpas com o antigo presidente da distrital António Topa. O líder parlamentar atacou um "vice-presidente que esteve ao lado do presidente ao longo dos últimos quatro anos, por motivos que só podem ser menores colocar em causa esta liderança."

Na resposta, António Topa, no Facebook, criticou Montenegro: "Intervenção com uma parte final vergonhosa, indigna de um dirigente nacional do PSD sem qualquer sentido de responsabilidade."

Montenegro, figura falada para o pós-Passos, pode aqui ter um espinho na estratégia. É que na contagem de espingardas o risco da distrital mudar é grande. Salvador Malheiro conta com o apoio das secções de Ovar, Estarreja, Murtosa, Aveiro, Oliveira do Bairro, Mealhada, Anadia, Águeda, Albegaria--a-Velha, Sever do Vouga, Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis, Arouca e... da JSD distrital.

Por outro lado, Ulisses Pereira tem o apoio das secções de Vagos, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Espinho (a secção de Montenegro) e Ílhavo. Ou seja: há probabilidades de a distrital mudar. Caso perca o apoio da direção da própria distrital, pode condicionar uma candidatura a líder de Luís Montenegro no futuro. "Está a arriscar tudo", diz ao DN fonte da distrital do PSD de Aveiro. Ganhe quem ganhar, a distrital será passista.

Também Santarém vai a votos a 5 de março, mas nada deve mudar. Para já, só se conhece um candidato, o atual líder distrital, Nuno Serra. A oposição interna está confinada a Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém, que ainda não disse se será candidato.

Ao DN, Nuno Serra garante que se recandidata para continuar o objetivo de tornar "o distrito mais laranja", fomentar o "espírito de unidade" e "fazer um bom trabalho nas próximas autárquicas", de forma a obter melhores resultados do que nas anteriores. Também aqui Passos segura o aparelho. "A nossa candidatura [a única conhecida] identifica-se muito com o projeto de Passos Coelho".

Bragança também vai a votos. Mas como o atual líder, José Silvano, não se pode recandidatar e a escolha deve recair sobre o presidente da câmara, Hernâni Venâncio Dias.

As maiores distritais, Porto e Lisboa, já foram a votos (uma no final de 2014, outra em 2015) e são lideradas por próximos de Passos: Virgílio Macedo e Miguel Pinto Luz.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt