Desblindagem de estatutos do BPI pode acontecer só no fim do ano

Mendes confirmou que Conselho de Ministros aprovou decreto que irá permitir desbloquear caso BPI, mas avisou que demorará tempo
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem nas mãos o que poderá ser a solução para o impasse no BPI, mas este processo demorará meses a ser concretizado. Trata-se de um decreto-lei que obriga a "desblindar" os estatutos do BPI, que foi aprovado na passada quinta-feira no Conselho de Ministros.

A aprovação deste decreto foi avançada este domingo pela SIC. Marques Mendes, comentador da estação de Carnaxide, confirmou esta noite a existência desse decreto, que está em Belém para ser promulgado, e chamou-lhe "plano B" do governo para a situação do banco.

Um plano que, disse Mendes na SIC, o governo avançou "porque já havia uns zunzuns de que o acordo [entre Isabel dos Santos e o CaixaBank] se ia romper".

Mendes considerou que esta solução para a situação "vai ter a prazo uma vantagem para os Espanhóis. Iam mandar no banco por via do acordo e assim lançam uma OPA e ficam a mandar no banco".

No entanto, alertou, "a aplicação deste decreto-lei vai demorar meses. A desblindagem só vai acontecer no final do ano". O que, prosseguiu, "é sempre uma imagem de instabilidade" que Portugal passa, designadamente a nível europeu.

Isto porque o Banco Central Europeu já manifestou dúvidas acerca da presença de capital angolano na banca portuguesa, disse Mendes, pelo que este caso, e o aparente recuo de Isabel dos Santos relativamente a um acordo que chegou a ser anunciado como firmado, só agrava essa imagem.

Mendes considera mesmo que a empresária angolana cometer "um erro". "Quando a desblindagem dos estatutos foi feita, a posição que ela tem no banco vai ficar fragilizada", disse. "Um decreto destes é uma violência enorme contra Isabel dos Santos. Angola e ela própria não vão ficar satisfeitos".

Quanto ao papel do primeiro-ministro, António Costa, no processo, o antigo líder do PSD afirmou compreender porque ele não avançou de imediato para a solução legislativa, tendo antes tentado uma solução de acordo entre as partes: "Se António Costa tivesse lançado este decreto antes de tentar um acordo iam dizer que ele tinha aberto guerra a Angola".

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