Marisa e as subvenções vitalícias: "Desfalque" e "falta de escrúpulos"
Marisa Matias recusa votar ao esquecimento o tema das subvenções vitalícias dos políticos - cuja revogação foi chumbada pelo Tribunal Constitucional (TC) - e afirmou esta quarta-feira, em Braga, que esse regime "é um autêntico desfalque" e apenas reflete "a falta de escrúpulos de quem o aprovou e decidiu manter".
A candidata à Presidência da República endureceu o tom para com os 30 deputados (21 socialistas e nove sociais-democratas) que recorreram ao Palácio Ratton, e também falou grosso para os juízes. "O regime das subvenções vitalícias, num país em que se chega a trabalhar 50 anos por pensões de miséria, não tem nenhuma sombra de legitimidade. É um autêntico desfalque de dinheiros públicos tornado legal pela falta de escrúpulos de quem o aprovou e decidiu manter", atirou a eurodeputada, muito aplaudida por uma plateia onde estava, entre outros, o fundador do BE Francisco Louçã.
Porém, a rispidez não ficou por aí. Marisa não considera o TC imune a críticas e frisou de forma cristalina que não põe em causa o "cuidado permanente com o princípio da separação de poderes", mas recusa divinizar o coletivo de juízes, o qual, prosseguiu, não pode "estar acima do escrutínio e da crítica públicos".
Numa noite em que Louçã redefiniu os objetivos da candidatura - pôs a fasquia na superação do resultado eleitoral de Maria de Belém -, Marisa foi também perentória quanto à campanha de Marcelo Rebelo de Sousa.
A eurodeputada bloquista puxou da ironia e denunciou um "combate de titãs" que tem marcado esta campanha, feito de "correções e desmentidos", de "cartas na manga" e de "coelhos tirados da cartola", de um "confronto até à morte". "Marcelo Rebelo de Sousa contra... Marcelo Rebelo de Sousa", apontou, elencando, de seguida, um conjunto de contradições do candidato apoiado por PSD e CDS.