O Presidente da República não resistiu a enviar mensagens escritas a alguns congressistas logo após as intervenções que os mesmos fizeram no 36.º Congresso do PSD. Sem poder estar presente, Marcelo Rebelo de Sousa não dispensou alguns comentários - em jeito de felicitação e via SMS - a alguns notáveis (e não só) que confirmaram esses contactos ao DN..Fonte oficial da Presidência confirmou ao DN que Marcelo Rebelo Sousa "acompanhou o congresso pela televisão, como qualquer português". Já sobre os SMS, a mesma fonte diz desconhecer a que título foram enviados..Os militantes contemplados ficaram surpreendidos com a atenção que o ex-líder estava a dar ao congresso, já que agora é chefe de Estado. E ouviu algumas coisas a seu respeito. Desde logo, Passos Coelho tratou-o várias vezes como "doutor Rebelo de Sousa", a fazer lembrar as referências de Alberto João Jardim a Cavaco como o "sr.Silva"..Passos e Marcelo, como é público, não são próximos. Tenha ou não recebido uma mensagem do Presidente após os discursos que fez, é certo que ontem, Passos pôde ouvir a opinião de Marcelo. E de viva voz. O Presidente recebeu o líder do PSD em Belém um dia após o Congresso (o que é tradição na política portuguesa), que, por coincidência, ocorreu no dia em que Marcelo passou a ter o poder constitucional de dissolver a Assembleia da República.."Uma boa conversa". Foram as únicas palavras de Passos Coelho - que se fez acompanhar dos vice-presidentes Jorge Moreira da Silva e Teresa Leal Coelho e pelo secretário-geral Matos Rosa - após quase duas horas de conversa em Belém..Passos deverá ter transmitido ao Presidente ("suspenso militante do PSD", como também lhe chamou durante o congresso) o que disse no domingo: que só há "compromisso" com o PS, caso os socialistas se aproximem do que pensa o PSD. Nunca o contrário. E que está disponível, para já, para duas reformas: Segurança Social e sistema político..Estruturas para atacar governo.Durante o congresso, Passos vestiu, finalmente, o fato de líder da oposição. E tenta reorganizar o partido nesse sentido. Desde logo, mexe no Instituto Sá Carneiro, que é adaptado à oposição, mais virado para o debate de ideias e para dar réplica ao governo socialista (reativar o gabinete-sombra é uma hipótese em cima da mesa)..Precisamente, por ser necessária uma maior presença é que Passos troca Carlos Coelho por Pedro Reis. O ex-presidente do AICEP tem uma vantagem óbvia para liderar um órgão que passa a ter uma atuação mais regular: está em Portugal..Carlos Coelho, como eurodeputado, passa a maior parte do tempo em Bruxelas. Porém, o deputado europeu vai continuar como reitor da Universidade de Verão, um projeto de formação de quadros que é considerado um bom exemplo no partido..Por outro lado, Passos reativa o Conselho Estratégico, que não tinha influência desde a direção de Marques Mendes. De acordo com os estatutos do PSD, o Conselho Estratégico "integra personalidades de reconhecido mérito, e competência, militantes do PSD ou independentes, e destina-se a aconselhar o presidente do partido no que toca às grandes questões nacionais.".Para presidir a este novo órgão Passos Coelho escolheu o até agora vice-presidente José Matos Correia. A escolha dos membros deste órgão é estatutariamente da responsabilidade do líder. A ideia é ser composto por notáveis. No tempo de Marques Mendes, compunham o conselho nomes de dentro e fora do partido como Ângelo Correia, Carlos Pimenta, João de Deus Pinheiro, Eduardo Catroga, Nogueira Leite, Pacheco Pereira ou João Lobo Antunes..Rio recebeu "felicitações".Ainda no rescaldo do congresso, Rui Rio - que foi sendo criticado ao longo de todo a reunião magna - reagiu ontem através de um artigo no Jornal de Notícias que intitulou de "Assim, não"..Rio esclareceu que, na entrevista que deu à TSF antes do congresso, não teceu "críticas ao líder do partido porque não seria eticamente correto fazê-lo, uma vez que não tinha procurado ser eleito delegado para, assim, ter direito a estar presente e fazê-las onde elas, em primeiro lugar, devem ser feitas.".O ex-autarca do Porto e eterno candidato a candidato a líder diz ter sido "maldosamente criticado" pelo ex-líder Santana Lopes e pelo secretário-geral Matos Rosa. Acrescentou ainda que lhe parece "preocupante que tenha recebido múltiplas felicitações pela entrevista à TSF, dentro e fora do partido, e que, ao invés, a mesma matéria tenha sido elemento de forte crítica por elementos mais enraizados na estrutura partidária." Rio mostra-se assim magoado, mas não dá pistas sobre se um dia será candidato.