Governo vai propor António Guterres para secretário-geral da ONU
O antigo primeiro-ministro e alto-comissário das Nações Unidas António Guterres vai ser o nome proposto pelo Governo português para o cargo de secretário-geral da ONU, noticia hoje o jornal Público.
"O Governo vai apresentar a candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas", avançou o primeiro-ministro, António Costa, ao jornal Público, segundo um artigo publicado hoje.
De acordo com a edição de hoje do diário, a apresentação oficial da candidatura do antigo primeiro-ministro socialista, que até 31 de dezembro passado ocupou o cargo de alto-comissário da das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), deverá ser feita em fevereiro.
[artigo:4959899]
O Público adianta que o primeiro-ministro, António Costa, já informou o Presidente da República, Cavaco Silva, de que está a proceder às diligências inerentes ao patrocínio da candidatura de Guterres e que já terá comunicado a intenção aos líderes partidários com assento parlamentar.
Segundo o jornal, o Governo também já está a realizar contactos diplomáticos para apoios à candidatura de Guterres junto de vários países, tendo desde já assegurado que a candidatura "não será vítima do veto por parte de nenhum dos cinco países-membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas" (França, Inglaterra, Rússia, China e Estados Unidos da América).
O antigo chefe de Governo português foi eleito para o ACNUR em junho de 2005 e reeleito cinco anos depois para um segundo mandato, que terminou a 31 de dezembro de 2015, e foi agora substituído no cargo da ONU pelo diplomata italiano Filippo Grandi.
A crise dos refugiados motivou várias tomadas de posição de Guterres, que apelou a uma maior solidariedade da comunidade internacional.
[artigo:4969218]
A eleição do secretário-geral das Nações Unidas, que decorrerá durante este ano, é um processo complexo que envolve vários equilíbrios geoestratégicos e que obedece à necessidade de os candidatos preencherem diversos critérios, adianta o diário.
O Público escreve que Guterres, além do prestígio que alcançou no cargo de alto-comissário das Nações Unidas, tem a seu favor o facto de ter sido primeiro-ministro de um país da União Europeia e, como tal, ter participado em várias cimeiras europeias, além de ter presidido à União Europeia em 2000.
Contudo, o jornal alerta para dois obstáculos que se podem colocar a Guterres na sucessão ao sul-coreano Ban Ki-moon, nomeadamente o facto de estar praticamente assente a necessidade de eleger uma mulher para aquele cargo, além de o expresso desejo de que este seja ocupado por um candidato oriundo da Europa de Leste.
"Entendeu-se que, mesmo perante um quadro que é complexo, havendo a possibilidade de eleição, esta não deve deixar de ser explorada", revelou ao Público o responsável do processo de candidatura de António Guterres.