BE, PCP e PEV assumiram o mal menor do Orçamento do governo socialista: não é o documento deles, não seria a proposta que apresentariam, mas no final identificam "medidas positivas" e dizem que o texto rompe com a austeridade do passado (leia-se, a dos governos do PSD e CDS). Uns e outros assumem logo o que aí vem: discutir na especialidade, para melhorar a proposta..À direita, quer PSD quer CDS atiraram-se ao "inesperado aumento de impostos" que vai "ao coração da classe média e das pequenas e médias empresas". Se os centristas colocam toda a sua fé no "caminho do gradualismo", que defendiam no governo, com a deputada Cecília Meireles a acusar os acordos do PS com o PCP e com o Bloco de porem "agora a classe média e as PME a pagar a fatura", o PSD, por Leitão Amaro, notou que "os acordos das esquerdas têm um preço que é pago pela classe média", que se traduz em "menos crescimento, menos emprego e menos riqueza"..O CDS, que já tinha antecipado um voto contra o Orçamento do Estado, antes de ser conhecida esta versão final, carregou nas tintas para criticar a proposta do governo: "Estamos perante um aumento de impostos muito significativo e que, se já era grave no esboço, é agora muito grave. Temos aumentos de impostos no gasóleo, na gasolina e outros, que ainda iremos analisar muito cuidadosamente, que vão ao coração da classe média e das pequenas e médias empresas.".O PSD repetiu a ideia por outras palavras, mas recusando antecipar já o seu voto final. "Ficámos a saber que temos um inesperado aumento de impostos, a pagar pela classe média, pelas famílias com filhos, pelas empresas.".Esquerda contra Bruxelas.Ninguém nas bancadas da esquerda prometeu para já viabilizar o Orçamento do Estado. BE, PCP e PEV refugiaram-se na necessidade de estudar em profundidade a proposta orçamental. Mas o Bloco de Esquerda assumiu que "este Orçamento é pior do que a primeira versão entregue em Bruxelas". Ilibando o governo de culpas nesta matéria: segundo Mariana Mortágua, foi a Comissão Europeia, "ativamente auxiliada pelos argumentos do PSD e do CDS em Portugal", que piorou "este Orçamento, prejudicando "o objetivo de repor rendimentos" e tornando "a vida das pessoas mais difícil"..Também o PCP apontou para o "quadro inaceitável de chantagem e ingerência pela Comissão Europeia" ou das "agências de rating" e outros organismos, para notar que, "numa primeira apreciação", é possível "destacar" medidas que são "positivas" e que concretizam "a posição conjunta" entre o PCP e o PS e propostas avançadas pelos comunistas nas últimas semanas. Mas, avisou, "este não é o nosso Orçamento"..O BE repetiu a fórmula: "Este não é o nosso Orçamento." Mas Mariana Mortágua reconheceu que o "Orçamento cumpre o objetivo de travar o empobrecimento e repor rendimentos", sem retirar "rendimentos às pessoas"..Já a deputada do PEV, Heloísa Apolónia, notou que a proposta do governo é um "sinal muito relevante ao combate ao empobrecimento que estava a ser feito", lamentando o "travão" imposto por Bruxelas..Pelo PS, Pedro Delgado Alves sublinhou que a proposta é a "demonstração de que é possível uma alternativa". "Este Orçamento traduz essa alternativa", para além de traduzir "o respeito pelo programa eleitoral do PS, pelo programa de governo e pelos acordos celebrados com os partidos de esquerda".