A invocação do artigo V da NATO, devido ao ataque contra um estado membro da Aliança, é o ponto central do exercício anual do Exército que decorre este mês e envolve militares espanhóis e dos EUA..Num momento em que o presidente dos EUA recusa assumir publicamente o apoio de Washington à defesa coletiva da NATO, o exercício planeado pelo Exército envolve cerca de dois militares e começa esta segunda-feira com a receção e integração das tropas estrangeiras..Além dos 1609 militares portugueses, a certificação da Brigada de Reação Rápida envolve ainda 130 espanhóis e 221 norte-americanos, um oficial superior das Forças Armadas do Brasil e observadores italianos..Na apresentação do Orion 2017, que ocorreu esta manhã no Comando das Forças Terrestres, Amadora, o tenente-coronel Brito Teixeira explicou que o exercício decorre nas bases militares de Tancos, Santa Margarida e Beja, num cenário fictício em que "a NATO aciona o artigo V" do Tratado do Atlântico Norte..O artigo só foi invocado em 2001 e como resposta coletiva aos atentados do 11 de Setembro contra os EUA, pois determina que um ataque contra um país aliado é considerado um ataque contra todos e legitima o recurso à força armada..No cenário fictício do exercício, cuja fase operacional decorre entre 12 e 23 de junho, o país aliado Arland sofre a invasão por parte de Torrike, suscitando uma deliberação da ONU a legitimar a operação militar de caráter multinacional e comandada por Portugal..Num ambiente operacional que o Exército descreve como "volátil, incerto, complexo, ambíguo e urbano", o ponto alto do treino será o lançamento de dois batalhões de paraquedistas, num total de 400 militares, no dia 15..Nesse dia, os militares embarcam em Tancos, Santa Margarida, e saltam na base militar de Beja..A missão dos paraquedistas será circunscrever uma zona de segurança para formar o que em termos militares se designa por "cabeça-de-ponte aérea": os militares asseguram o controlo da zona para criar condições para a entrada em cena de outras forças..Numa "operação de alta intensidade", já que se trata de zona de conflito, os militares terão de estar preparados para "montar bases de patrulha, reagir a emboscadas, identificar engenhos explosivos no terreno", exemplificou o tenente-coronel Brito Teixeira..Esta fase da operação será apoiada por meios aéreos e anfíbios. Antes, no dia 12, decorre um "treino cruzado" com os militares dos EUA, com alguns saltos na mesma base..Ao longo do exercício, o Exército contará com cinco aeronaves, dos quais um C-295, três C-130, um MV-22 e 116 viaturas ligeiras..Este exercício envolverá diretamente a Brigada de Reação Rápida do Exército, visando a sua certificação nos padrões NATO para o empenho em missões das organizações internacionais a que Portugal pertence, disse o tenente-coronel..O Exército assume-se como um "parceiro credível" em Defesa e Segurança coletiva, assegurando uma "continuidade" na qualificação desde 2015, ano em que se realizou o Tridente Juncture, um exercício da NATO que envolveu vários países e meios, frisou Brito Teixeira..A última fase do Orion2017, já sem os militares estrangeiros, decorrerá entre 22 e 23 de junho e com base no mesmo cenário de conflito, para o treino da evacuação de elementos de organizações internacionais de zonas de conflito..Em complemento ao treino militar, o Orion2017 prevê uma componente civil, com iniciativas de divulgação das missões do Exército de apoio à população nos concelhos de Beja, Aljustrel, Vidigueira, Serpa e Ferreira do Alentejo, envolvendo mais de 60 mil pessoas..Para esta fase, estão previstas consultas de rastreio gratuitas à população local, de várias especialidades, incluindo oftalmologia, uma das especialidades mais procuradas pela população daqueles concelhos na edição de 2016 do exercício anual do Exército.