"Tenho por hábito procurar distanciar-me e ver Portugal no Mundo e para o Mundo na perspetiva do exterior, como alguém que nos visite ou que leia sobre nós. Se tivéssemos - e tantas vezes temos - de descrever o nosso país, de explicar o nosso país a um terceiro, como o faríamos? E como gostaríamos de o descrever daqui a 20 anos?" A interrogação, num registo quase intimista, lança o arranque do texto da moção estratégica que Assunção Cristas apresentou esta quarta-feira e que desvenda o guião que, sob a sua liderança, o partido deverá seguir..Deixou já qual a sua ideia quando a futuras alianças com Passos Coelho. Nas próximas legislativas "o CDS deverá ir sozinho", frisou. "O CDS e o PSD só têm a ganhar fortalecendo as suas posições e alargar o seu eleitorado no centro-direita", salientou, no final da intervenção, em resposta aos jornalistas. Assunção Cristas sublinhou, porém, que, no atual cenário político, caso a maioria parlamentar de esquerda se desfaça e "passe a bola" de novo à direita - cenário que admitiu ser "improvável, mas não impossível" - o CDS está preparado para assumir as suas responsabilidades do governo, no âmbito do programa da coligação PaF..Cristas tem na sua cabeça um retrato muito claro de como gostaria de "descrever" o país, daqui a 20 anos e é com essas imagens, sonhos, que pretende preparar o CDS, com "ambição máxima". Um Portugal "reconhecido e respeitado internacionalmente como um parceiro atento e ativo na cena internacional"; "A economia portuguesa progride com confiança e as finanças públicas estão de boa saúde, tendo deixado definitivamente o padrão crítico de escassas décadas anteriores"; "há cada vez mais pessoas que optam por trabalhar à distância, gozando a qualidade devida que o mundo rural e as suas cidades de média dimensão proporcionam. O mundo rural é cada vez mais um destino regular para portugueses e estrangeiros"; a mobilidade social é uma realidade em Portugal e a persistência da pobreza é residual"; "Portugal é reconhecidamente um bom país para se estudar, para se trabalhar e para se viver em todas as idades, seja para portugueses seja para estrangeiros. Deu provas de grande humanidade no acolhimento aos refugiados, sem comprometer a segurança", são algumas dessas imagens..Na sua moção estratégica, designada "Ambição e Responsabilidade", Cristas define as "prioridades", para "apontas a estrada, reunir equipas e dar início ao trabalho". Para combate a pobreza, garantir o investimento privado, criador de emprego e desenvolvimento. Defende um "país amigo das empresas" e inimigo da "burocracia". Uma especial atenção aos reguladores, outra prioridade, principalmente do "setor financeiro, crítico para o nosso desenvolvimento económico". A demografia, seja na "baixíssima natalidade", seja na "dimensão do envelhecimento" são temas centrais. "Portugal não tem idosos a mais, tem jovens a menos", assinalou..A candidata a ocupar o lugar deixado por Paulo Portas segue a linha centrista, na defesa da criação de um "verdadeiro Estado Social de Parceria", com acordos entre o Estado e entidades privadas no "domínio de apoio social, saúde e educação". Cristas apela à "estabilidade" das soluções educativas e compromete-se a "identificar os pontos mais críticos", procurando "sempre ser um ator político empenhado na busca de consensos"..No seu mandato o CDS deverá assumir-se como um "partido reformista, promotor ativo de consensos, na convicção de que reformas sem estabilidade valem muito pouco". Como "marca" defende uma "oposição firme e sustentada ao governo das esquerdas", sem deixar de propor "caminhos de prudência e crescimento estável que levem à prosperidade".