Chegaram 32 refugiados. Mas Costa propõe receber 10 500

Primeiro-ministro quer dar exemplo a outros países da União Europeia. Por cá, as organizações não se assustam com o número. Só lamentam a lentidão das chegadas
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Desde que a Comissão Europeia anunciou a recolocação de 160 mil refugiados - 4574 dos quais para Portugal -, no dia 23 de setembro do ano passado, ainda só chegaram ao nosso país 32 pessoas. Mas ontem, em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que, na sequência de "um levantamento por áreas", estava em condições de acolher mais 6000 do que o previsto. Ou seja: 10 574.

"Até abril temos 500 vagas, até julho temos mil e a partir de outubro 1500 vagas nas universidades, temos cerca de mil vagas nos institutos politécnicos, temos cerca de 850 vagas nas escolas profissionais e no setor agrícola temos 2500 lugares já identificados", enumerou António Costa, que quer "dar o exemplo da atitude que todos os Estados membros devem ter".

O primeiro-ministro reiterou que a União Europeia "tem o dever de proteção a todos os que são perseguidos". Nesse sentido, explicou, "Portugal, que não tem estado a ser particularmente pressionado, tem manifestado a disponibilidade, não só junto da UE mas também bilateralmente, junto dos países que estão a sofrer maior pressão" para acolher refugiados "na base de uma recolocação bilateral".

O primeiro-ministro enviou recentemente uma carta aos seus homólogos de quatro países - Grécia, Itália, Suécia e Áustria - manifestando-lhes disponibilidade para partilhar o esforço de acolhimento.

Também à Alemanha - que terá acolhido mais de um milhão de refugiados desde o início desta crise - António Costa deixara garantias semelhantes quando, num encontro em Berlim com a chanceler Angela Merkel, disponibilizou duas mil vagas no ensino superior para refugiados que estão naquele país.

Ao DN, fonte próxima do primeiro-ministro explicou que esta atitude é uma forma de "mostrar que queremos participar numa solução para o problema. E que não estamos só na UE para pedinchar, mas para ter um papel ativo nas questões europeias".

Entre as instituições responsáveis por este tema em Portugal, mais do que receio, as declarações de António Costa geram alguma descrença. "A prática que temos tido até agora tem sido de uma lentidão confrangedora. Não sei a que ritmo é que poderão chegar", disse ao DN Teresa Tito de Morais. A presidente do Centro português para os Refugiados até considera que as declarações de Costa "têm um aspeto positivo: é uma tomada de posição que pode influenciar outros países da Europa, que estão muito adormecidos".

Quanto à capacidade de Portugal, considerou haver uma preparação "que começou há vários meses", abrangendo entidades de todo o país, na qual até se verificou que "a capacidade de acolhimento seria superior" ao previsto. Mas admitiu também estar a viver-se "um período de alguma desmobilização, porque as pessoas nunca mais chegam".

Com Paula Sá e LUSA

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