Barão da droga era procurado pela Interpol e EUA

Considerado um dos maiores traficantes da Colômbia, Macias Nieto usou Portugal, em 2012, para se refugiar
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"O colombiano que tinha meio mundo atrás de si", noticiava o DN em 2013, quando Luís Macias Nieto, 68 anos, começava a ser julgado em Portugal. El Doctor, como era conhecido, foi detido em 2012, na Costa de Caparica, na sequência de uma investigação conjunta da DEA - agência antidroga dos Estados Unidos da América, Interpol e Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária. Estava acusado da alegada importação de 340 quilogramas de cocaína, que teria como destino o mercado europeu.

Macias Nieto era considerado um dos maiores traficantes da Colômbia. Viajava com regularidade para Portugal, onde se terá refugiado da "caça ao homem" lançada pela DEA e pela Interpol, que chegou mesmo a emitir um alerta vermelho para a sua captura. Precisamente por isso foi dado o nome de Red (vermelho) à operação levada a cabo pela PJ em Portugal.

De acordo com o despacho de pronúncia do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), Luís Macias Nieto e Edil Sua Luna terão decidido "transportar cerca de 340 quilos de cocaína da Colômbia para Portugal", que teria como destino a Europa. Em julho de 2012, a cocaína terá chegado ao nosso país em fardos, que foram guardados num barracão abandonado, na zona de Casal de Frade, Sesimbra.
Posteriormente, os dois ter--se-ão deslocado para Portugal e contactados três espanhóis - Alejandro Bedmar, Joaquin Torcuate e Joaquin Martos - para os ajudarem na venda da droga. Por cá, costumavam movimentar-se pela zona de Lisboa e Margem Sul.

Após várias semanas de investigação, os cinco foram intercetados pela Polícia Judiciária em duas viaturas junto ao Parque de Campismo do INATEL, na Costa de Caparica, após uma perseguição. Num dos carros foram encontrados 234 quilos de cocaína distribuídos por oito sacos de serapilheira e mais de cem no barracão onde escondiam a droga.

Segundo a investigação, El Doctor terá chegado mesmo a gerir uma rede de droga a partir de Portugal, onde a sua presença terá sido identificada pela DEA através de elementos da embaixada norte-americana em Lisboa, que, com a colaboração da Interpol e da PJ, localizou os suspeitos e montou vigilância.

Quando começou a ser julgado, Macias apresentou-se como um "pequeno comerciante" de Huíla, uma localidade colombiana com forte atividade agrícola. Depois de ter permanecido em silêncio na primeira vez em que esteve perante o coletivo de juízes em Almada, o advogado do barão da droga colombiano partiu para o ataque: acusava um infiltrado da DEA de ter levado o seu cliente a cometer o crime. Chegaram mesmo a acusar a agência antidroga de ter introduzido a cocaína em Portugal para conseguir deter os cinco suspeitos.

Depois de El Doctor ter sido condenado a 11 anos de prisão, em 2014, e de o seu braço direito, Edil Luna, ser condenado a oito e meio, seguiram-se vários recursos para Relação, Supremo e Tribunal Constitucional, o que fez que o processo se arrastasse por mais dois anos, ultrapassando o limite máximo da prisão preventiva em Portugal. Libertados em abril, os dois traficantes saíram de Portugal e ainda não foram localizados pelas autoridades. E a história repete-se: uma vez mais, a Interpol tenta encontrar o barão da droga colombiano.

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