Barei, a milionária que canta por Espanha na Eurovisão
Manteve-se na sombra durante quase 15 anos mas, em maio, estará no centro das atenções de toda a Europa, ao representar Espanha na 61ª edição do festival da Eurovisão, na Suécia. Barei, ou melhor, Bárbara Reyzábal González-Aller, tem 33 anos, um currículo musical impressionante como cantora e compositora e é oriunda de um dos mais poderosos clãs madrilenos. O seu avô, Julián Reyzábal Delgado (que morreu em 1978), fez fortuna na capital espanhola ao investir em salas de cinema, na produção de filmes e no setor imobiliário. A associação de Barei ao poderoso clã só aconteceu agora... e por mero acaso.
Natural de Burgos, Julián, que nasceu no seio de uma família de camponeses, foi o fundador da produtora Ízaro Films, que lançou atores como Fernando Esteso e Andrés Pajares na importante transição da indústria cinematográfica do país vizinho, designada "época del destape" (que aconteceu durante a época de transição do regime de Franco para a democracia, quando a censura começou a ser gradualmente eliminada e, assim, surgiram os primeiros filmes com cenas de nudez).
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Mas a grande obra do patriarca do clã Reyzábal foi a construção da Torre Windsor, um dos primeiros arranha-céus de Madrid e que, até 1988, era o edifício mais alto da capital espanhola (título esse que foi depois arrecadado pela Torre Picasso, construído por Amancio Ortega, dono do império Inditex). No entanto, Julián nunca veria o culminar de 40 anos de trabalho árduo, uma vez que morreu a poucos meses da inauguração do edifício, que fez parte do maior complexo empresarial e comercial da capital espanhola, o AZCA.
Apesar da família de Barei deter, atualmente, 20% da Torre Picasso, o clã assistiu, com impotência, ao brutal incêndio que, em 2005, destruiu na quase totalidade a Torre Windsor (atualmente propriedade do El Corte Inglés). Barei é filha de Fortunato, um dos sete filhos de Julián. Fortunato casou com Teresa González-Aller Monterde, também ela oriunda de uma abastada família. O casal teve quatro filhos: Barbara, Lourdes, Julián e Ignacio mas só Barei seguiu uma carreira artística. A irmã, Lourdes, é presidente da Fundación Raíces, que trabalha com crianças e adolescentes em risco de exclusão social. Julián e Ignacio são administradores e donos de várias empresas, juntamente com os primos, Sara y Josué (hijos de su tío Jesús Alejandro). A maioria das propriedades empresariais da família estão ligadas à indústria cinematográfica. O clã Reyzábal é responsável pela administração de algumas das salas de cinema mais emblemáticas de Madrid, como os Cinemas Callao, o Palacio de la Prensa e os Cinemas Victoria. Os irmãos e primos de Barei trabalham também com empresas do setor imobiliário.
Milionários e discretos
A 1 de fevereiro, a TVE transmitia em direto a gala Objetivo Eurovisión. Barei era uma das seis candidatas a representar o seu país no certame europeu de música ligeira. Nos bastidores, apoiando-a fervorosamente, estavam Lourdes e Teresa. No entanto, ninguém reconheceu as duas mulheres, figuras proeminentes da alta sociedade madrilena. "São uma família fantástica que nunca se fez valer do apelido. Podiam viver exclusivamente dos rendimentos mas não o fizeram. São pessoas lutadoras", começa por explicar uma fonte próxima dos Reyzábal ao site Vanitatis. "A Bárbara é a sonhadora e Lourdes, sua irmã e conselheira, faz um trabalho excecional com os mais necessitados. Fiquei surpreendido por ninguém ter reparado nelas quando apareceram na televisão a apoiar a Barei. São pessoas muito conhecidas da alta sociedade", acrescenta a mesma fonte.
Agora que se sabem as origens da intérprete de Say Yay!, outra conclusão se pode tirar. A cantora de 33 anos nunca usou o seu estatuto familiar para progredir na música. Com um currículo impressionante, Barei só se tornou conhecida do grande público este ano, com a vitória no Objetivo Eurovisión. No entanto, a sua ligação à indústria musical é extensa. Em 2001, venceu o Festival Internacional de la Canción de Benidorm. É então que se muda para Miami para construir o seu percurso. Grava dois álbuns, Billete para no volver e Throw the Dice e compõe para artistas como a japonesa May J e as suas conterrâneas Malú e Edurne (que representou Espanha na Eurovisão no ano passado).
Descreve-se como uma "artista independente" e é sobre isso que faz polémicas declarações ao diário espanhol ABC, poucos dias antes da final do concurso... e que a atiram para a ribalta. "Para mim, esta é uma oportunidade única porque não tenho acesso às rádios nacionais", começou por afirmar Barei. "Pessoas muito importantes das rádios espanholas chegaram a dizer-me que adoravam o meu trabalho e que iam passar a minha música. Depois perguntavam-me qual a minha editora e eu dizia "não tenho". Então diziam-me que lamentavam mas que a minha música não podia ser emitida". Com a ida a Estocolmo, a sorte de Barei pode estar prestes a mudar...