Primeiros Passos

Publicado a
Atualizado a

O ministro Mário Centeno e mais sete homólogos (de Espanha, Itália, Letónia, Lituânia, Holanda, Eslovénia e Eslováquia) escreveram uma carta à Comissão Europeia propondo algumas alterações técnicas, de alcance político, em matéria macroeconómica. Por outro lado, o Conselho de Estado, que hoje se reúne pela primeira vez sob presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, receberá Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE). São dois acontecimentos positivos. Pela primeira vez, a convergência entre o governo e a Presidência da República é efetuada no sentido de devolver a Portugal capacidade de iniciativa nos assuntos europeus, que hoje se confundem com as próprias políticas públicas domésticas, pois são a chave essencial para o seu futuro. A União Europeia (UE) vive uma crise existencial em duas frentes. Uma, mais antiga, que se prende com a incompletude da sua união monetária, e que se tem traduzido no aumento da desigualdade social e do pessimismo económico em toda a união. A segunda frente é uma complicada nebulosa onde se juntam as insuficiências de Schengen, a ausência de política externa comum, o falhanço do multiculturalismo low-cost de alguns países, a vaga de refugiados fugindo de guerras que alguns países europeus consentiram ou incentivaram, os ataques ao centro da Europa pelas células terroristas do sunismo radical de inspiração saudita. A carta assinada por Centeno e o Conselho de Estado com Draghi significa, mesmo que timidamente ainda, que Portugal faz parte dos países que querem uma nova política orçamental na Europa, em sintonia com a flexibilidade monetária do BCE. Nada nos garante que, mesmo vencendo as doenças da zona euro, a UE consiga sobreviver face aos outros riscos em marcha. Mas, sem o combate a essas doenças, então, é quase certo que a UE sucumbiria.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt