Houve uma espécie de clássico na semana que agora terminou: com 48 horas de intervalo, as duas rivais históricas da indústria tecnológica, Microsoft e Apple, apresentaram as suas novidades informáticas para 2017. E para espanto de muitos, no permanente campeonato da inovação, a marca da maçã não apenas saiu derrotada como até pareceu... antiquada..Uma curta recapitulação cronológica: quarta-feira, a Microsoft fez uma das já tradicionais apresentações à imprensa para revelar as suas novas propostas para o mercado dos PC. E logo foi evidente que o alvo não eram os utilizadores do Excel. Mostrou-se o Surface Studio, um all in one (computador-monitor) nitidamente criado para competir com o iMac, que ao contrário deste tem ecrã sensível ao toque e pode ser colocado em posição quase horizontal (tipo estirador, ideal para desenhar com caneta eletrónica). E ainda por cima é bonito..A acompanhá-lo, surgiu um novo acessório, o Surface Dial, sem sombra de dúvida a peça mais original da semana. É uma espécie de botão grande, que se pode utilizar em cima de uma mesa ou do ecrã de um Surface - também vai funcionar com o laptop Book e o híbrido Pro 4. Liga-se sem fios ao computador e tem várias funções, desde o simples aumentar o volume da música à escolha de cores na paleta durante o desenho. O acessório de sonho de qualquer designer ou ilustrador..Também a nível de software foi absolutamente assumida a opção de tentar atrair as pessoas ligadas às atividades ditas artísticas, que maioritariamente costumam ser clientes Macintosh. Ficámos a saber que a próxima atualização do Windows 10 (a chegar no fim do primeiro trimestre de 2017) se chama Creators Update e que vai incluir várias ferramentas de criação de imagens em 3D - incluindo a nova versão do velhinho Paint. Aliás, o mote desta edição é mesmo "3D para todos"..Houve mais novidades - como uma versão com processador Intel i7 do Surface Book ou novas funcionalidades dos óculos de realidade aumentada HoloLens - e a sensação final foi a de que a Microsoft chamou para si a responsabilidade de criar produtos verdadeiramente inovadores naquele que é o seu mercado principal, os PC. Isto numa altura em que as vendas de computadores não param de cair - 9% no terceiro trimestre do ano, segundo a consultora Gartner..Sexta-feira, foi a vez de a Apple mostrar os seus novos laptops. A sessão foi totalmente dedicada à linha MacBook Pro (houve apenas referências en passant ao MacBook Air) e a grande novidade foi... uma barra interativa multifunções na linha superior do teclado - ecrã sensível ao toque -, que substitui as teclas de função. Dando de graça que o Touch Bar era uma funcionalidade que já era esperada - a mais recente atualização do sistema operativo MacOS permitiu perceber o que aí vinha - e que o conceito do sistema nem sequer é novo - a Microsoft ponderou a ideia em 2010 (!), mas depois desistiu de a prosseguir (veja o vídeo abaixo) - esta novidade esteve longe de ser suficiente para evitar o gosto a requentado, mais do mesmo, do evento da maçã..[youtube:ojusRO38Tdc].Sim, os novos MacBooks são "17% mais finos" do que os anteriores, os ecrãs "67% mais brilhantes, com 67% mais contraste e 25% mais cores", etc., mas nada verdadeiramente retira a sensação de que são "o costume, portanto". Nem sequer deram o (já parece inevitável) passo de equipar os Mac com ecrãs sensíveis ao toque. E se o diabo está nos detalhes, há um mesmo muito desagradável para a clientela-base da Apple: não é possível ligar por cabo o novo MacBook Pro a um iPhone 7 sem usar um adaptador (que é vendido à parte). E os headphones Lightning que vêm com o novo telefone não dão para ligar ao novo computador. Detalhes que dificilmente passavam se Steve Jobs fosse vivo.