Trump tem bom perder desde que ganhe

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Aceita o resultado eleitoral? Fica pendente: "Direi isso no tempo devido, mantenho o suspense, ok?" Foi mais uma trumpeta dele, no debate de ontem, defrontando a "mulher tão desagradável". Reparem no cuidado de assinalar quão desagradável era ela: mais novita, mais 90-60-90, ainda lhe deitava a mão a qualquer dos 90. Mas àquela, olhem para ela, vocês acham que eu perdia tempo? Não, Donald, não achamos. Já sabemos, de conversa do balneário, que só agarras do bom. Ao longo do dia, perante o escândalo (o do suspense, sobre mulheres já não há), explicou-se: "Aceitarei plenamente os resultados desta grande e histórica eleição presidencial se eu ganhar." Não é tão agradável um candidato com tão bom perder, desde que ganhe? Os eleitores, porém, talvez não gostem da ameaça de instabilidade. Esta é inédita, a tradição americana é de campanhas duras, mas depois do veredicto o perdedor cumprimenta o adversário. Seja, mas apetece-vos analisar a eficácia das táticas do Donald? Eficaz é ele, por mais provável que seja a vitória da adversária, Donald, o palhaço, ainda pode ser presidente. Depois do ano tão sincero e despojado a mostrar-se quem é. Então, o importante não é o suspense de novembro de 2016. Grave a sério, caso ele seja agora eleito, é o outubro de 2020! A um mês das eleições serão conhecidos os resultados: "Adianto os resultados para não haver fraudes", dirá o presidente palhaço com aquele gestinho de indicador e polegar juntos.

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