Trump deve ser um herói no Estado Islâmico

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No verão, Donald Trump chamou cobarde ao colega do Partido Republicano John McCain, um autêntico herói de guerra. Depois, Trump chamou "palhaço" ao senador Marco Rubio, um colega que disputa com ele a candidatura republicana à presidência. Trump é um boquirroto que transforma o seu próprio nome em insulto futuro. Durante décadas, dir-se-á dos maluquinhos em campanhas eleitorais "um trump". Em português até poderá haver uma corruptela natural e "uma trampa" entrar nos debates. Esperando que esse seja o maior contributo de Donald Trump para a política (e suspirando para que a carreira dele acabe em breve, o que não está garantido), aproveite--se o homem para assinalar o perigo dos descarados na discussão de coisas graves. No domingo, num discurso apaziguador (depois de mais um ato de terrorismo), Obama disse que há "amplas provas" de discriminação contra os muçulmanos. Na segunda, o já mencionado Marco Rubio respondeu, pedindo exemplos de "amplas provas." E, na terça, Donald Trump mostrou ele próprio uma ampla prova de discriminação: exigiu a proibição de entrada de qualquer muçulmano na América! A discussão entre Obama e Rubio era razoável, ambos com razão. Obama preocupado com as generalizações e Rubio preocupado com as responsabilidades não exigidas aos islâmicos. Trump sabotou os argumentos do seu correligionário. É raro ver demonstrada de forma tão cristalina a função dum imbecil, perdão, dum trump.

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