Qual política! O que conta são mexericos

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Obcecados com nosso próprio apartamento, onde só se fala de alta política, não nos demos conta da conversa de uma vizinha do condomínio, ontem. Vocês sabem, daquela que vai fazer apartamento à parte do prédio comum. Ela chama-se Teresa, e repetiu que se vai mesmo embora, e com as condições dela, ponto. Então, e agora? Teresa disse que quer ficar com a casa encostada ao prédio e, ao mesmo tempo, ir à sua vida. Explicada em linguagem esquisita como os portugueses preferem: ela quer um acordo de livre troca com o prédio (chamemos-lhe UE) e poder ter os acordos que quiser com todos os prédios da rua. E isso connosco? Diz ela: se não negociarem comigo torno-me um paraíso fiscal. Isto é, torna-se uma sirigaita oferecida como o prédio comum não pode ser. Então? Isso... O condomínio não só anda perdido como pode ficar mais desunido: outros condóminos (e dos com mais percentagem do prédio) vão decidir em breve o que fazer aos apartamentos deles. A Teresa aposta nisso: como o divórcio se prolonga, ela vai ameaçar com o destino dos do prédio que foram para casa dela viver (atenção, para os da nossa casa, a dela foi o destino principal) - só no fim, em 2019, os nossos saberão se serão cidadãos de segunda ou não. Outra coisa: Teresa aposta numa amizade colorida com um tal Donald, que nem do bairro é. São mexericos? Serão, mas vão influenciar mais a nossa vida nos próximos anos do que tudo que foi dito de política séria, ontem, cá em casa.

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