Passos, o solicitador de moderação
Quem foi que nos salvou, quem foi? Mais uma vez, Passos Coelho. Podemos criticar o homem por coisas passadas cá dentro mas, lá fora, Passos transfigura-se. Lembram-se do "até fui eu que tive a ideia", quando no verão ele salvou a permanência da Grécia na Europa? Agora, de novo, ele iluminou-nos. Como se sabe, o PPE, o grupo dos partidos da direita europeia, quando lhe cheirou a governo socialista em Portugal, perdeu a cabeça. Seria natural a Passos ter atiçado o azedume. É não conhecê-lo. Teve outra ideia e essa ele contou-a, ontem, à TSF: "O PPE reagiu com moderação como de resto eu solicitei que o fizesse." Modesto, Passos conta a coisa já conseguida, não lembra quanto lhe custou acalmar a animosidade da direita europeia. A Merkel, quando ouviu o pedido do amigo, até ficou estupefacta: "Moderação?! Socialistas no governo e fico calma?" E revelou: "Eu tenho seis lá no meu governo e corro-os sempre à pancada. Leva o vice-chanceler Gabriel, leva a Schwesig, ministra da Família, e ao Maas, da Justiça, mando-o comprar-me cigarros..." Seguiu-se igual queixa dos outros do PPE, narrando a indignação pelo despropósito de socialistas a governar, seja quase sozinhos (França), com a direita (Holanda), com o centro (Itália) e, ainda há pouco, com a esquerda radical (Dinamarca)... Experiências sempre a aterrorizar a direita europeia. Em Portugal, porém, o PPE acabou por reagir com moderação. Como? "Como, de resto, Passos solicitou."