Era uma vez a Europa, de gentes e feitos extraordinários. Como D. Teresa, expulsa da catedral de Lamego por um padreca porque ela insistia em ser uma viúva livre. Ou como, na categoria dos feitos, descobrir a lei dos movimentos dos corpos celestes. Ou, nas artes, a invenção de palavras como, em línguas diferentes, clapotis, olvido e perché. Tudo isso nos deu a Europa, e mais; mas deu também coisas más, como Pétain a trair os seus com os piores dos europeus. Justamente, dos reveses, ela soube exceder-se e inventar a União Europeia. Ah, a UE!... Lembram-se como no-la ensinaram, evocando os pais fundadores? Coisa sólida, com alicerces, até começou por ser "do carvão e do aço"... E, depois, ainda mais longe, quis ser forte mas generosa, ambiciosa e respeitadora. Europa... Ela própria uma bela palavra, mais uma dessas lembradas lá atrás, boa de saborear - "Europa"... Com o seu exemplo, a democracia, e a sua prática, a união consentida, até reconquistávamos os nossos do Leste. Que tempos vivíamos, que história estávamos fazendo, diziam-nos. E nós, também já europeus: "Que honra termos quem nos conduz." Um dia, predadores assaltaram a nossa Europa, nos seus fundamentos que, descobríamos, eram os mais frágeis. Banqueiros dos subprimes e swaps, investidores de crises, infanticidas do futuro. Ontem, a notícia: Durão Barroso, presidente do Goldman Sachs. Se eu hoje falasse de futebol, seria sobre os traficantes de apostas.