E já entendem no que dá o referendo?...
Cada dia confirma que o brexit, não sendo um crime, é um erro. O que é bem pior para atos políticos (os crimes curam-se com leis, os erros podem tornar-se irreversíveis). A carta de rutura de Theresa May com a Europa expôs todos os sintomas de quem atravessou o Rubicão e não sabe o que fazer na outra margem. May era contra a saída da UE, tal como o seu chefe, David Cameron, que só convocou o referendo por razões menores de política interna. Brexit votado, Cameron lavou as mãos, Boris Johnson, o conservador mais defensor do brexit, não assumiu a liderança, e o poder caiu em mais espantados do que convencidos. Até o medíocre Nigel Farage, um sub-Le Pen com uma pint de cerveja em cada mão, ganho o referendo, emigrou em part-time para a América, onde Trump lhe arranjou emprego na Fox News. Eis tudo o que levou à carta de adeus de Theresa May, onde em vez de um "divorcio-me", se propõe uma concubinagem que lhe mantenha as regalias do casamento. Com esta chantagem: se não houver acordo (comercial) a cooperação contra o terrorismo "será menor". Sabia disto quem votou no brexit? Os gibraltinos sabiam o seu interesse e votaram a 96% contra. Adivinharam, May nem fala deles na carta. À falta de política, a discussão saltou para ameaças de a Navy avançar para o rochedo de Gibraltar... Sabiam que poderia dar nisto? E o culpado nem é pessoa alguma, é o método: os referendos não são para isto. Há coisas demasiado importantes para um sim ou não.