Coisinhas boas que fizemos por merecer

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Abria mais uma Assembleia Geral das Nações Unidas, nas margens do rio East, no fim da Rua 44, Nova Iorque. As televisões mundiais mandaram os seus melhores repórteres e os estagiários também, porque a colheita era farta, desembocavam centenas de famosos e até líderes mundiais. Os microfones estendiam-se de forma pródiga, como redes que promovem a peixe tudo que apanham. Mesmo um solitário par de senhores elegantes - de quem a falta de guarda-costas não augurava grande importância - mereceu a atenção de um jovem repórter do francês Canal Plus. Prudente, o jornalista espetou a pergunta ao mais velho, provável mais importante. Sabido, ainda, ele perguntou sobre o desfecho das eleições americanas - afinal, assunto que interessa todo o mundo. Acertou, o cavalheiro aceitou ser ele o perguntado, logo era mais importante do que o outro. Mas deu uma resposta com o plural majestático: "Sabe, nós temos uma regra de ouro, que é não falar dos problemas dos outros países..." Ups!, queres ver que o homem é importante... Outra vez hábil, o repórter contorna: "A que delegação pertence?" Resposta: Portugal. "E a sua função?" E a resposta poderia ter sido: "Que topete! Como se dirige a mim sem saber quem sou?!" Mas não, a resposta foi, com um sorriso. "Sou o Presidente da República portuguesa." No estúdio, em França, porque isto era em direto, foi um riso. Daqueles à nossa custa mas que é bom receber porque dizem: vocês sabem votar.

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