Mundo de alto risco

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Homens que disparam sobre pessoas que se divertem, embaixadores executados em direto, camiões que avançam sobre multidões, mísseis disparados em cenário de guerra, ataques com armas químicas que deixam cidades devastadas, ameaças e atos de violência crescente. Depois de duas guerras mundiais, décadas de terrorismo e conflito armado, numa altura em que deveríamos saber reconhecer os riscos, vivemos num mundo cada vez mais perigoso. Mas com um falso sentimento de segurança, sobretudo em regiões como a Europa e a América do Norte. Mantemo-nos longe das zonas em que, pelo ecrã, vemos bombas a rebentar, crianças envenenadas, cidades arrasadas, fechamos os olhos aos horrores que se passam do outro lado do mundo como se não vivêssemos também nele, viramos a cara porque não é connosco e não devemos meter-nos. Mas é connosco. E é impossível não o sabermos, por muito que seja mais confortável fingirmos não entender que o que ali acontece não é possível de manter dentro de fronteiras.

E enquanto aqui ao lado se aprende a viver sem nada, as nações discutem se e como agir. Em salas fechadas debate-se o que pode ser feito e os custos de cada possibilidade de investida. Aos microfones, os líderes mundiais condenam os atos de violência, mas continuamos todos impotentes e estranhamente surpreendidos cada vez que um novo ataque torna as nossas fragilidades mais óbvias. A verdade é uma: não há como evitar a próxima explosão, como antecipar o próximo camião transformado em arma, como identificar o momento em que alguém com uma vida comum, uma história normal e uma família decide ser o próximo lobo solitário e assassinar em nome de uma causa qualquer. E esta ameaça está intimamente ligada com o que continuamos a querer ver como algo que não nos diz respeito.

O mundo está mais perigoso. Mas deste lado ainda não estamos a ver a verdadeira dimensão do perigo.

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