Ontem ficámos a conhecer uma frase sem regresso de Pedro Santana Lopes: "Não serei candidato a Lisboa". Seja por paixão ao que tem estado a fazer, e bem, na SCML, seja por um qualquer sentido de lealdade à boa relação que mantém com António Costa e Fernando Medina, seja ainda porque já pouca paciência lhe resta para a política partidária e para uma campanha "difícil", o facto é que Santana Lopes deixou o PSD "pendurado"..Passos Coelho terá agora de lidar com um problema que, convenhamos, não o deve ter apanhado de surpresa, mas que, por muito antecipável que fosse, não vai ser fácil de resolver. A dez meses das autárquicas, o partido não tem candidato óbvio à maior autarquia do país (no Porto também não vai ser pacífico convencer alguém a alinhar no sacrifício de concorrer contra Rui Moreira) e os tempos definidos por Passos - candidatos autárquicos anunciados entre janeiro e março de 2017, com toda a tranquilidade - andam a criar algum desassossego nas bases e nas direções locais..Depois, há uma outra face da equação: Assunção Cristas. A líder do CDS está no terreno há quase três meses e tem potencial para conseguir melhor resultado do que alguns dos nomes apontados como plano B do lado do PSD. Mandaria o bom senso que Passos não arriscasse esse cenário - avançar com um candidato que, chegados a outubro, ficasse atrás de Cristas na contagem dos votos. Se quiser ter alguma hipótese de se bater com António Costa em futuras eleições legislativas, Passos não só terá de lutar pela vitória nas autárquicas como está obrigado a evitar uma humilhação eleitoral em Lisboa..Sabemos hoje, por declarações de vários responsáveis do PSD ao DN, que o presidente do partido argumenta que "é tarde" para apoiar Assunção Cristas, que tudo está "sereno" na São Caetano à Lapa e que os prazos para apresentação de candidatos mantêm-se. Evitar aquela que seria uma solução de baixo custo político em Lisboa pode parecer mais uma daquelas jogadas típicas de Passos Coelho, algures entre a coragem e a teimosia, mas o preço a pagar em outubro pode ser demasiado alto. Seguindo o calendário autárquico do PSD, Passos tem agora quatro meses para apresentar um nome forte para Lisboa. Aguardemos. Afinal, qual é a pressa?