São Tomé e Príncipe vai apresentar um candidato a secretário-executivo da CPLP, que deverá ser aprovado na conferência de chefes de Estado e de Governo, que ocorrerá em julho, no Brasil, disse hoje o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.."São Tomé e Príncipe irá apresentar uma candidatura e é evidente que teremos todo o cuidado de apresentar uma personalidade idónea, que pode trazer valor acrescentado à nossa organização e esperemos que essa candidatura passe", disse Patrice Trovoada..O primeiro-ministro acrescentou que a candidatura são-tomense ao cargo de secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) não será contra Portugal, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, já garantiu que Portugal apresentará um nome para o cargo de secretário-executivo dessa organização.."São Tomé e Príncipe irá apresentar uma candidatura à CPLP para dar o nosso contributo para enaltecer a nossa organização e não se trata de nenhuma candidatura contra um outro estado", explicou Patrice Trovoada no aeroporto internacional de São Tomé, momentos antes de viajar para o Gabão, para uma visita de trabalho de 24 horas.."É uma questão de regra e a regra, no nosso entender, no entender dos PALOP (países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), no entender da Guiné Equatorial com quem eu pude partilhar essa questão é que, de facto, quem tem a sede não poderia ter ao mesmo tempo o secretariado-executivo", acrescentou o chefe do executivo são-tomense..Patrice Trovoada comentou o acordo existente a nível dos membros da CPLP nessa matéria, sublinhando que "esse entendimento foi confirmado ao nível dos PALOP na última cimeira da União Africana".."E esse entendimento, outros países membros da CPLP o têm, daí que nesse quadro cabe a vez de São Tomé e Príncipe poder apresentar candidatura para o cargo de secretário-executivo e é o que nós tencionamos fazer, para que em julho possamos ter um nome, dentro das regras da CPLP, dentro do consenso que é a regra principal da nossa organização", concluiu..Portugal disse esta segunda-feira desconhecer a existência de qualquer acordo deste tipo e recordou que, à luz dos estatutos da CPLP, "compete agora a Portugal assumir a responsabilidade de apresentar a candidatura a secretário executivo"..Fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português afirmou que "Portugal não enjeita, naturalmente, essa responsabilidade, estando disponível para exercê-la"..Na segunda-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmou que há um acordo verbal que estipula que o país que acolhe a sede da CPLP (Portugal) abdica de apresentar candidatura ao secretariado executivo, e apelou à negociação na comunidade para a eleição, que deverá ocorrer na próxima cimeira da organização, prevista para o verão, no Brasil..O secretário-executivo, Murade Murargy, confirmou esta versão, referindo ter ouvido falar na existência de um "acordo de cavalheiros" nesse sentido, da altura da criação da CPLP, em 1996, e mencionou que essa a prática internacional é que os países que acolhem as sedes das organizações não se candidatam à sua direção..Posições opostas tiveram o primeiro secretário-executivo da CPLP, o angolano Marcolino Moco, bem como o cabo-verdiano Luís Fonseca (que ocupou este cargo entre 2004 e 2008), que disseram desconhecer a existência deste acordo, à data das suas responsabilidades na CPLP, mas ambos admitiram ter ouvido falar dele recentemente..De acordo com o artigo 18.º dos estatutos da comunidade, "o secretário-executivo é uma alta personalidade de um dos Estados membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos Estados membros por ordem alfabética crescente"..Desde a sua criação, em 1996, o secretariado-executivo tem sido assumido rotativamente pelos Estados-membros, por ordem alfabética: Marcolino Moco (Angola), Dulce Pereira e João Augusto de Médicis (Brasil), Luís Fonseca (Cabo Verde) e Domingos Simões Pereira (Guiné-Bissau). Moçambique assumiu o cargo nos quatro últimos anos (dois mandatos)..Segue-se, nesta lógica, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A Guiné Equatorial é o membro mais recente na CPLP, tendo aderido em 2014.