Um dia depois de Sarah Palin lhe ter declarado o seu apoio, Donald Trump respondeu à questão que se impunha: será que o magnata vai escolher a ex-governadora do Alasca para sua vice-presidente caso seja ele o nomeado republicano para as presidenciais de 8 de novembro nos EUA? "Não me parece que seja o que ela gostaria de fazer", garantiu Trump no programa Today da NBC, recordando que Palin "já passou por isso" em 2008 quando se juntou ao ticket do republicano John McCain, que acabou derrotado por Barack Obama e Joe Biden..Mas talvez seja um pouco cedo para afastar totalmente a hipótese de uma dupla Trump-Palin. O próprio milionário do imobiliário confessou que "ainda não estou a pensar num vice-presidente. Só quero ganhar" a nomeação republicana. Quanto a convidar Palin para um eventual ticket, o magnata limitou-se a dizer que a ex-governadora é "uma pessoa de quem gosto muito e respeito", não afastando que venha a ocupar um lugar na sua administração: "Ela pode ocupar qualquer posição.".Conhecida pelas declarações polémicas (e pela caricatura que dela fez a humorista Tina Fey no Saturday Night Live), Palin tornou-se um ícone de uma América ultraconservadora. Mãe de cinco filhos, caçadora com créditos reconhecidos e defensora da indústria petrolífera em detrimento da defesa do ambiente, a antiga miss Wasilla, que começou a carreira como jornalista desportiva, continua aos 51 anos a ser uma figura controversa. Mesmo dentro do Partido Republicano. Amada por uns, odiada pelos mais liberais, foi no seu estilo colorido que surgiu ao lado de Trump no Iowa, na terça-feira à noite, para dar o seu apoio ao favorito republicano..[artigo:4990584].A semana e meia dos caucus (assembleias populares) do Iowa, que lançam o processo das primárias para a escolha dos nomeados dos partidos para as presidenciais, Trump vê o senador Ted Cruz a aproximar-se nas sondagens naquele estado. E irá usar todas as armas para o travar. Inclusive Palin.."Chega de cobardia. As nossas tropas merecem o melhor, vocês merecem o melhor. Ele pertence ao setor privado, não é um político. Quem me dá um Aleluia?", exclamou uma Palin animadíssima. Vestida com um bolero brilhante, a ex-governadora criticou a liderança de Obama, garantindo: "Nós ajoelhamo-nos e dizemos "obrigado, inimigo"." E garantiu que com Trump vai ser muito diferente: "Estão prontos para um comandante-em-chefe que vai deixar os nossos guerreiros fazer o seu trabalho e dar um chuto no rabo do Estado Islâmico?".Trunfo ou obstáculo?.Apoiante de Ted Cruz quando este se candidatou ao Senado em 2012, Palin trocou agora o senador do Texas para se juntar a Trump. Este espera que com o apoio da ex-governadora venha também o voto das mulheres e dos cristãos mais conservadores que se identificam com os valores defendidos por Palin..Sete anos depois de ter deixado de ser governadora do Alasca, Palin divide-se hoje entre o comentário político e os programas de televisão, que retratam a vida da sua vasta família no Alasca. Apesar do seu inegável apelo junto de uma certa franja dos americanos mais radicais, muitos analistas interrogam-se se Palin é um trunfo ou se não vai acabar por se revelar um obstáculo para Trump. À Reuters, Joe Brettell, estratega republicano no Texas, garantiu que Palin "não vai ajudar a campanha de Trump para lá da atenção que o seu apoio despertou nos media"..E os próprios eleitores republicanos dividem-se entre os que, como June Heidn, de 62 anos, consideram Palin "inspiradora" e capaz de atrair o voto feminino e os que, como Mike Caruso, de 40 anos, acham que Donald Trump "está muito bem sem ela".