"Precisamos de quase 850 mil milhão de dólares para combater a fome nestes países [Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria] nos próximos seis meses. Quando estamos com poucos fundos, o programa é obrigado a cortar nas rações de comida, deixando as pessoas com menos do precisam para ter uma vida normal e saudades. Quanto mais dramáticos os cortes, maior o número de pessoas que pode morrer por falta de comida", diz David Beasley em entrevista à Lusa.."Falta de fundos significa que pessoas podem morrer. É tão simples quanto isso", acrescenta o responsável, frisando que o mundo enfrenta a maior crise humanitária em 70 anos com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, na Somália, no Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.."Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humanitária em 70 anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer à fome em quatro países", alerta David Beasley."As boas notícias é que estamos a tentar a conseguir resultados na nossa luta contra a fome, e todas as pessoas podem ajudar. O Programa Alimentar Mundial e outras agências têm estado na linha da frente, mas não conseguirmos trabalhar a 100 por cento devido a recursos insuficientes e conflitos que nos impedem de chegar às pessoas que mais precisam de ajuda", explica Beasley..A proposta de orçamento do Estado dos EUA, apresentada por Donald Trump em março, inclui cortes nas contribuições para as Nações Unidas e os seus programas de ajuda humanitário, mas o orçamento final será elaborado pelo Congresso e Beasley acredita que se vai manter o apoio do país à organização que dirige.."O programa Alimentar Mundial tem forte apoio bipartidário em Washington. Sei isso devido à minha experiência pessoal a lidar com ambos os lados, no Senado, na Câmara dos Representantes e na administração Trump. Este apoio ficou demonstrado em meses recentes, com votos do orçamento e, mais importante, com o anuncio do presidente Trump na cimeira do G20, em Hamburgo, de que os EUA vão dar mais 639 milhões de dólares para combater a fome", sublinha aquele responsável..David Beasley, que foi nomeado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em março, é um político republicano que serviu como governador da Carolina do Sul entre 1995 e 1999.."Acredito que este apoio bipartidário vai continuar porque estes líderes sabem que é interesse estratégico dos EUA ajudar-nos a combater a fome. O povo americano percebe que apoiar os nossos irmãos e irmãs a volta do mundo não é apenas um ato de coração, é também de cabeça, e acredito firmemente que vão continuar a apoiar de forma generosa o nosso trabalho", conclui o diretor.