O que se sabe sobre o avião russo abatido pela Turquia

Um dos pilotos e um militar russo morreram. NATO apoia Turquia, Rússia fala em "facada nas costas"
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A Turquia abateu esta manhã um avião russo que diz ter violado o seu espaço aéreo. Confirma-se que um dos pilotos do avião morreu, enquanto o destino do segundo permanece por confirmar. Um helicóptero enviado pela Rússia em missão de salvamento foi ainda atingido por um míssil anti-tanque pelos rebeldes turcomanos da Síria, causando a morte confirmada de mais um militar russo.

O avião Su-24, uma aeronave de combate, foi abatido na fronteira entre a Turquia e a Síria esta terça-feira de manhã por um míssil turco.

A Turquia afirma que o avião russo tinha entrado no seu espaço aéreo (como se vê no mapa divulgado abaixo). As autoridades turcas afirmam que avisaram o avião dez vezes antes de disparar o míssil que o abateu. Os Estados Unidos confirmaram que, ao longo de cinco minutos, a patrulha turca avisou dez vezes os tripulantes do avião russo, mas não conseguiram concluir com certeza se o avião estava ou não a violar o espaço aéreo turco.

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A Rússia defende que o avião se manteve sempre em espaço aéreo sírio, tendo divulgado um mapa alternativo (abaixo). O avião conduzia ataques aéreos contra rebeldes radicalizados de origem russa, de acordo com essas mesmas autoridades.

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O avião despenhou-se numa zona montanhosa da Síria, a quatro quilómetros da fronteira turca.

Um dos pilotos morreu

Os dois pilotos ter-se-ão ejetado, mas quando os paraquedas desciam terão sido alvejados por rebeldes turcomanos na Síria. Um vídeo divulgado pelos rebeldes, que não foi confirmado oficialmente, mostrará os rebeldes a disparar sobre os pilotos. Mostra ainda o que será o corpo de um dos pilotos. As imagens abaixo podem ferir suscetibilidades.

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Os rebeldes turcomanos disseram à agência Reuters que tinham matado ambos os pilotos russos e que tinham ambos os corpos. No entanto, as autoridades russas apenas confirmaram a morte de um dos pilotos, não dizendo, para já, nada sobre o destino do outro.

Helicóptero de resgate destruído com míssil anti-tanque

Um helicóptero enviado pela Rússia, com uma tripulação de dez militares, para procurar resgatar os pilotos do avião abatido foi obrigado a aterrar de emergência após ser vítima de ataques dos mesmos rebeldes turcomanos. Nesta zona da Síria, os rebeldes turcomanos são um dos principais grupos - combatem tanto o grupo terrorista Estado Islâmico como Bashar Al-Assad, o líder da Síria que é apoiado pela Rússia.

Após ter aterrado numa zona controlada pelas tropas de Assad, o helicóptero russo foi evacuado, mesmo antes de ser destruído por um míssil anti-tanque das forças rebeldes.

A Rússia confirmou que um dos seus militares da equipa de resgate morreu nesse ataque.

Para Putin é uma "facada nas costas"

Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse que o ataque ao seu avião tinha sido "uma facada nas costas" e acusou a Turquia de ser "cúmplice dos terroristas". O incidente, que considerou muito grave, terá "consequências significativas" sobre as relações entre a Rússia e a Turquia.

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"Nunca toleraremos as atrocidades que aconteceram hoje, e esperamos que a comunidade internacional encontre coragem de juntar forças para combater este mal", disse o presidente russo.

NATO apoia Turquia

Numa reunião de emergência dos diplomatas da NATO, convocada pela Turquia, que é estado membro desta aliança militar, a organização decidiu apoiar a Turquia, afirmando que este país tem direito de defender o seu espaço aéreo. Alguns diplomatas demonstraram arrependimento, porém, de que a situação não tivesse sido resolvida de outra forma, por exemplo escoltando o avião russo para fora do espaço aéreo turco.

Vários líderes internacionais, incluindo David Cameron, Ban Ki-moon, Frank.Walter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, pediram a Moscovo e Ancara que dialogassem e mantivessem a calma perante a situação.

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