Mais de mil presos palestinianos em greve de fome nas prisões israelitas

Administração penitenciária israelita está a confiscar todos os bens que se encontram nas celas e a transferir os grevistas para outras prisões
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Mais de mil palestinianos presos em cadeias israelitas iniciaram hoje uma greve de fome na sequência do apelo de Marwan Barghouti, líder da segunda intifada, disse à AFP um responsável da Autoridade Palestiniana.

"Cerca de 1.300 palestinianos entraram em greve de fome e o número pode aumentar nas próximas horas", disse à France Presse Issa Qaraqee, dirigente da Autoridade Palestiniana responsável pelas questões relacionadas com prisioneiros.

Entretanto, o "Clube dos Prisioneiros Palestinianos", uma organização não-governamental, avançou que mais de 1.500 pessoas já aderiram à greve de fome, nas prisões israelitas.

Marwan Barghouti cumpre uma pena de prisão perpétua e apelou ao protesto no quadro da "jornada dos prisioneiros", que os reclusos palestinianos assinalam todos os anos desde os anos 1970.

Bargouthi liderou a segunda intifada, o levantamento palestiniano contra Israel que começou em setembro de 2000 após a visita do então primeiro-ministro Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém.

O porta-voz da administração penitenciária israelita, Assaf Librati disse à France Presse que "700 presos comunicaram no domingo a intenção de aderir à greve de fome a partir de hoje".

Assaf Librati acrescentou que as autoridades estão a proceder a verificações para apurar quantas pessoas se encontram a cumprir o protesto de forma efetiva ou se limitam a cumprir uma greve de fome simbólica.

O mesmo responsável israelita não forneceu mais pormenores mas segundo o "Clube dos Prisioneiros Palestinianos", a administração penitenciária está a confiscar todos os bens que se encontram nas celas e a transferir os grevistas para outras prisões.

Atualmente encontram-se nas prisões de Israel mais de 6.500 presos palestinianos, entre os quais 62 mulheres e 300 menores.

Mais de 500 estão sujeitos ao regime extrajudicial que permite a detenção sem a formalização de qualquer processo.

Pelo menos 13 deputados palestinianos, de diferentes partidos políticos, estão nesta altura presos nos cárceres israelitas.

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Barghouthi, rival do presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, da Fatah, num artigo publicado no jornal norte-americano New York Times, afirma que a greve de fome coletiva é também um protesto contra os "abusos" da administração penitenciária israelita.

"Israel estabeleceu apressadamente um sistema que se tornou num 'apartheid judicial' e que garante a impunidade aos israelitas que cometeram crimes contra os palestinianos e criminaliza a resistência palestiniana", escreveu Barghouthi.

"Os prisioneiros palestinianos são vítimas de tortura, tratamentos degradantes e desumanos e de negligência médica. Muitos são abatidos na prisão", acusa.

Israel ocupou os territórios palestinianos há mais de meio século.

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