A primeira-ministra da Polónia afirmou hoje que o seu governo nunca irá ceder a ultimatos, dias antes da possível publicação pela Comissão Europeia de um parecer sobre o respeito do Estado de Direito naquele país..Numa intervenção, Beata Szydlo disse hoje que o seu executivo, "nunca irá ceder a um ultimato" e pediu ao parlamento polaco para "responder com firmeza aos ataques que têm como alvo a Polónia"..Um jornal polaco avançou hoje que a Comissão Europeia irá divulgar, na próxima segunda-feira, um parecer sobre o Estado de Direito na Polónia, no qual fará duras críticas ao governo conservador de Varsóvia..As preocupações do executivo comunitário estão relacionadas principalmente com a reforma do Tribunal Constitucional, iniciada pelo executivo de Beata Szydlo e que suscitou uma grave crise na Polónia e um braço de ferro com Bruxelas.."Posso dizer que existem, na Comissão Europeia, cada vez mais pessoas que desejam destruir a União Europeia e que não a querem ver crescer", afirmou a primeira-ministra polaca.."Não é a Polónia que tem um problema com a Comissão Europeia, é a Comissão que tem um problema com ela mesma", referiu Beata Szydlo, lamentando "as fugas de informação, os jogos políticos" e o facto "de alguns desejarem que a UE mude de forma".A Polónia "quer construir uma comunidade europeia forte, baseada no respeito de todos os seus membros", sublinhou..O partido de Beata Szydlo apresentou hoje um projeto de resolução que pede "uma resposta ao ataque contra a soberania da Polónia"..O texto denuncia igualmente "as tentativas de impor à Polónia as decisões sobre os migrantes que chegam à Europa", decisões que "não têm qualquer fundamento no Direito europeu e violam a soberania do Estado polaco e os valores europeus"..Durante a apresentação do projeto de resolução, o deputado do PiS Maciej Malecki lançou críticas à oposição polaca e aos "supostos líderes da oposição" que percorrem as capitais europeias para "fazer denúncias contra o governo polaco democraticamente eleito"..A resposta da oposição polaca foi imediata.."A Polónia tem vergonha [no executivo], profanaram a Constituição", afirmou Grzegorz Schetyna, líder do principal partido da oposição Plataforma Cívica (PO, centrista).."Novas pontes foram queimadas" com a Europa, disse, por sua vez, o antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros com a pasta dos Assuntos Europeus Rafal Trzaskowski, enquanto o líder do partido PSL, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, advertiu contra "uma guerra civil" que poderá ser provocada pela conduta política dos conservadores..O diário polaco Rzeczpospolita publicou hoje excertos do projeto de parecer que a Comissão Europeia deve comunicar na segunda-feira às autoridades polacas..No documento, de acordo com o jornal, o executivo comunitário refere que "nenhum progresso significativo" foi observado até à data sobre o respeito do Estado de Direito na Polónia..O diário acrescentou que o texto recorda o princípio "sem Estado de Direito, não existe democracia, nem respeito pelos direitos fundamentais", máxima que já tinha sido mencionada pela Comissão de Veneza, órgão consultivo do Conselho da Europa, a propósito da atual situação do Tribunal Constitucional polaco.