Espanha sai em "defesa do património" e quer saber mais sobre o galeão
O secretário de Estado da Cultura espanhol, José María Lassalle, estava em Cuba quando o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou com pompa e circunstância ter descoberto os destroços do galeão San José.
O navio foi localizado, segundo Bogotá, no mar do Caribe, ao largo de Cartagena, e suspeita-se que tenha naufragado com um tesouro multimilionário a bordo: entre moedas de ouro, de prata e pedras preciosas, estima-se que que o San José transportasse carga num valor entre os três mil milhões e os 17 mil milhões de dólares (entre os 2,7 mil milhões e os 15,5 mil milhões de euros).
O presidente da Colômbia divulgou o achado que, segundo as leis aprovadas há dois anos pelo parlamento colombiano, é património cultural submerso por se encontrar em águas nacionais. Nas últimas décadas, no entanto, a empresa norte-americana Sea Search Armada (SSA) manteve um litígio com o estado colombiano precisamente por questões de património: reclamava ter localizado os destroços do San José e queria receber metade do valor do tesouro naufragado. A questão arrastou-se na justiça até que, em 2010, a SSA reconheceu a derrota e pediu uma indemnização pelos custos da operação.
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Porém, junta-se agora um novo detalhe a esta já complicada equação: a Espanha, que afinal era a dona inicial do navio, não vai assistir de braços cruzados ao resgate da valiosa carga e exige explicações ao governo colombiano.
Segundo o El País, o Ministério da Cultura espanhol não gostou do "triunfalismo" de Juan Manuel Santos e já admitiu que considera "preocupante" a aplicação da lei colombiana de 2013 relativa à proteção do património submerso, Mais: o secretário de Estado espanhol sublinhou, a partir de Havana, que "o governo espanhol vai solicitar ao colombiano uma informação precisa sobre a aplicação da legislação do seu país na qual fundamenta e justifica a intervenção sobre destroços espanhóis". Em seguida, Espanha irá analisar os dados para decidir que medidas tomar em defesa do património subaquático e a respeito das convenções da UNESCO com as quais o país há muitos anos se comprometeu.
Com cautela, garantiu o responsável, Espanha vai defender o seu património e reserva-se a adotar as medidas que considerar necessárias para a salvaguarda do mesmo. Uma ação que não era inesperada, se tivermos em conta os milhões de euros que podem estar, nesta altura, no fundo do mar.
O presidente da Colômbia explicou no sábado que o galeão espanhol San José tinha sido encontrado no dia 27 de novembro passado, divulgando nas redes sociais o vídeo em que os investigadores do Instituto Colombiano de Antropologia e História se congratulavam pelo achado depois de tantos anos de buscas.
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O navio foi atacado pela armada britânica e naufragou em 1708, em plena guerra da sucessão espanhola, enquanto transportava tesouros do Peru para Espanha.