Um dos cinco candidatos à liderança do Partido Conservador britânico é eliminado hoje. Tudo indica que deverá ser Liam Fox, ex-ministro da Defesa, o primeiro a ficar fora da corrida..De acordo com as regras internas dos Tories, quando há mais do que um concorrente ao lugar, os deputados fazem várias rondas de votações. Em cada uma delas é afastado o último classificado e só quando ficarem apenas dois sobreviventes é que a palavra é dada aos militantes..Ontem, de acordo com o The Guardian, a contagem dos apoios de deputados era a seguinte: Theresa May 111, Michael Gove 27, Andrea Leadsom 27, Stephen Crabb 22 e Liam Fox 9. Ainda que faltem contabilizar 134 votos (a bancada dos conservadores é constituída por 330 deputados), dificilmente Fox conseguirá sobreviver..A próxima ronda está marcada para quinta-feira e a terceira para de hoje a uma semana. Se tudo correr como previsto, será nesse dia, a 12 de julho, que se ficará a saber quem serão os dois finalistas na corrida à liderança. Poderá ser antes se entretanto houver desistências..Theresa May (que defendeu a permanência na UE) parece já ter garantido o lugar na final. A grande dúvida reside em quem será o seu adversário. Gove partiu com vantagem sobre Leadsom (que defendeu a saída da UE), mas nos últimos dias a atual secretária de Estado da Energia tem vindo a ganhar terreno..Um dos pontos fracos de Michael Gove é a imagem de deslealdade que se lhe colou à pele. Numa entrevista à BBC, o candidato foi apelidado de "serial killer político". O jornalista Andrew Marr confrontou-o com esse epíteto, sugerindo que o candidato à liderança dos Tories teria deliberadamente dado uma facada nas costas dos seus amigos David Cameron (ao fazer uma apaixonada campanha pelo brexit) e Boris Johnson (ao retirar-lhe o apoio quando o ex-mayor de Londres ainda não tinha desistido de uma candidatura)..O repórter da estação televisiva acrescentou ainda que muitos já comparavam Gove à maquiavélica personagem da série House of Cards, Frank Underwood, que não olha a meios para chegar à Casa Branca. Gove defendeu-se, dizendo que foi "com o coração pesado" que retirou o apoio a Boris, mas que entendeu que o seu aliado na campanha do referendo não reúne os requisitos necessários para o cargo de primeiro-ministro..Farage irrevogável?.A principal notícia de ontem no Reino Unido foi a demissão de Nigel Farage da liderança dos independentistas do Ukip. Depois de ter sido uma das principais vozes a defender o brexit, Farage explicou que a sua missão está cumprida. "A vitória da saída no referendo significa que a minha ambição política está satisfeita. Vim do mundo dos negócios para esta luta porque queria que voltássemos a ser uma nação soberana e não porque quisesse ser um político de carreira"..Apesar de Farage garantir que a saída de cena é irrevogável, é impossível assegurar que o ainda líder do Ukip não regressará para futuras batalhas. Afinal esta já é a terceira vez que abandona o cargo. O seu primeiro mandato como chefe do partido durou entre 2006 e 2009. A saída de cena não foi longa e Farage voltou à liderança dos independentistas depois das legislativas de 2010. A segunda demissão deu-se a seguir às eleições em maio do ano passado, mas, apenas alguns dias mais tarde, revogou a demissão, argumentando que queria liderar a campanha do Ukip a favor do brexit..Ontem, a comunicação social britânica já avançava alguns nomes que podem aspirar ao lugar deixado vago por Farage. Paul Nuttall, número dois do partido, Steven Woolfe, porta-voz para a Imigração, e Douglas Carswell, o único deputado do Ukip, estavam entre as hipóteses mais ventiladas. Carswell, no entanto, veio assegurar que a probabilidade de avançar era "entre zero e nada"..Farage confirmou que irá manter o seu lugar no Parlamento Europeu até que se confirme a saída do Reino Unido..Corbyn resiste até ao fim.Também no Partido Trabalhista continuam as guerras internas, depois da tímida prestação de Jeremy Corbyn durante a campanha do referendo na defesa do bremain..Apesar da contestação do grupo parlamentar e do tsunami de demissões entre os membros do seu governo-sombra, o líder vai resistindo a todas as pressões e ontem voltou a afirmar que não se demite..Angela Eagle, ex-ministra-sombra da Economia, que já fez saber que está disponível para ocupar o lugar de Corbyn, endereçou mais um aviso ao líder do partido, afirmando que está disposta a desatar o nó caso o chefe do Labour não saia de cena pelos seus próprios pés. "Há muita gente, entre deputados e membros do partido, um pouco por todo o país, a pedir-me para quebrar o impasse. Tenho os apoios para desbloquear a situação e fá-lo-ei se Jeremy Corbyn não fizer nada rapidamente", sublinhou Angela Eagle..Outra das hipóteses para suceder ao atual líder trabalhista é o ex-ministro-sombra do Trabalho e Pensões, que se demitiu recentemente do lugar. Um jornalista da norte-americana BuzzFeed escrevia ontem na sua conta de Twitter que duas fontes trabalhistas lhe tinham garantido que Owen Smith já teria mais apoios do que Eagle.