"Adeus". Sírios publicam mensagens de despedida nas redes sociais

Vários ativistas publicaram mensagens e vídeos de despedida nos últimos dias
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Sírios da cidade de Aleppo têm publicado nos últimos dias mensagens de despedida nas redes sociais, em que denunciam os abusos das forças do governo e dizem acreditar que vão morrer em breve.

"Este pode ser o meu último vídeo", disse a ativista Lina Shamy na gravação que publicou no Twitter esta segunda-feira. A ativista disse estar a viver um autêntico "genocídio" e conta que "mais de 50 mil civis que se revoltaram contra o ditador [Bashar] al-Assad estão a ser ameaçados com execuções ou a morrer em bombardeamentos".

"Cada bomba é um novo massacre", diz Shamy, que termina o vídeo a pedir que salvem a cidade de Alepo e a humanidade.

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As mensagens de despedida foram sendo publicadas à medida que as forças governamentais dominavam a cidade de Aleppo. Esta tarde, foi anunciado que rebeldes e russos, que apoiam o presidente sírio Bashar al-Assad, tinham chegado a um acordo de cessar fogo e retirada de civis e combatentes da cidade.

Há relatos de que as forças do governo sírio executaram dezenas de civis, antes de terem assumido completamente o controlo da cidade devastada e dominado os rebeldes.

[citacao:Nós só queríamos liberdade. Este mundo não gosta de liberdade]

Abdulkafi al-Hamdo, ativista e professor de inglês, segundo a CNN, emitiu esta segunda-feira um vídeo em direto em que dizia que estava a algumas centenas de metros dos militares do governo e já não tinha onde se esconder.

O professor disse que deixou de acreditar nas Nações Unidas e na comunidade internacional por não terem impedido o massacre que diz estar a acontecer em Alepo. "Eles estão felizes pelo que está a acontecer", disse al-Hamdo. "Nós só queríamos liberdade. Não queríamos mais nada. Este mundo não gosta de liberdade", disse Al mando no vídeo, com lágrimas nos olhos.

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"Esta pode ser a minha última comunicação", disse o jornalista Bilal Abdul Kareem num vídeo publicado ontem em que falava não como um profissional, mas sim como um homem normal numa cidade cercada.

Kareem, que trabalha para a On The Ground News mas já trabalhou para a CNN, aproveitou para deixar uma última mensagem. "Queria dizer à comunidade islâmica: rapazes vocês cometeram um erro. Tinham mesmo uma oportunidade para serem os heróis, voar para aqui com uma capa e salvar estas pobres pessoas mas estragaram tudo".

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Esta terça-feira, o jornalista voltou a fazer publicações nas redes sociais, incluindo um vídeo em que dizia que tinha boas notícias: estava a chover. "Isso quer dizer que os aviões não conseguem voar direito, ver-nos e bombardear-nos", explicou Kareem.

"É muito triste termos um mundo que fala sobre combater terrorismo e, aqui, as pessoas que estão a ser aterrorizadas, têm de depender do facto de estar chover e esperar que a chuva continue para sobreviverem", continuou Kareem.

Salah Ashkar, também ativista sírio, implorou nas redes sociais que todo o mundo tomasse uma posição e apoiasse a cidade de Alepo, pois "não há tempo a perder".

Ashkar pede que as pessoas bloqueiem as entradas das embaixadas e da sede das Nações Unidas, para que os líderes façam alguma coisa. "Por favor, não os deixem dormir. Por favor, apoiem Alepo", disse o ativista.

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Salim Abu Al-Nasser, dentista em Alepo, gravou também um vídeo com o mesmo pedido. "Este pode ser o meu último pedido. Qualquer um que possa, envie uma mensagem ao governo, ao país. Peçam para parar os ataques, os assassinatos, a guerra", dizia o dentista na gravação que estava a ser partilhada nas redes sociais, segundo a CNN.

[citacao:Nunca vou esquecer os que morreram]

O ativista Monther Etaky agradeceu na segunda-feira a todos os que tentaram alterar esta situação. "Queria agradecer a todos os humanos que lutaram pela humanidade no nosso caso. Nunca vou esquecer os que morreram", escreveu Etaky.

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Também Bana deixou uma mensagem final esta semana. "Este é o meu último momento para viver ou morrer", escreveu a menina de 7 anos que tem contado como é viver na guerra.

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Noutra publicação, Bana contou que o pai tinha sido ferido.

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