Em 2017, ano marcado por vários incêndios de grande dimensão, verificou-se "um aumento das remoções e uma diminuição do preço da madeira, bem como um crescimento dos serviços silvícolas para níveis máximos", descreve o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas Contas Económicas da Silvicultura, hoje divulgadas..Assim, refere, "o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura decresceu, em volume e em valor (-2,3% e -1,0%, respetivamente), verificando-se um aumento do consumo intermédio"..Entre 2009 e 2015, recorda o INE, tinha-se registado um período de crescimento, com subidas médias de 5,3% em valor e de 3,9% em volume..A redução do VAB da silvicultura em termos nominais foi determinada pelo aumento do consumo intermédio (+8,0%), em particular devido aos gastos com serviços silvícolas, num contexto em que a produção aumentou 1,6%..À semelhança do ano anterior, em 2017, o peso relativo do VAB da silvicultura na economia nacional foi 0,5%..A produção de cortiça "não foi muito afetada pelos incêndios, destacando-se o aumento significativo de preços (+9,1%), que mais do que compensou o decréscimo em volume (-2,9%)", especifica o INE..A evolução negativa da produção da silvicultura em termos reais (-0,5%) foi determinada, sobretudo, pelo decréscimo da produção de cortiça, dado que a produção de madeira para serrar e para triturar (remoções de madeira, excluindo a madeira para energia) e de serviços silvícolas e de exploração florestal registaram aumentos..Em 2017, a madeira para serrar, usada pelas indústrias de serração e, depois, pelas indústrias de mobiliário e embalagens e pela construção, apresentou uma subida de 8,7% da oferta em volume e um decréscimo de 5,8% nos preços..A madeira para triturar, influenciada pelo desenvolvimento da indústria de pasta e papel, nos últimos anos, teve um aumento real de 0,7%, depois da descida de 2016, a qual "interrompeu a tendência de crescimento dos últimos anos", descreve o INE..No entanto, em termos nominais, a análise do INE conclui que "dado o decréscimo do preço (-2,0%), a produção de madeira para triturar decresceu (-1,3%), mantendo-se, contudo, acima de 300 milhões de euros"..A produção de madeira para energia ('pellets', 'briquets' e lenhas tradicionais), com menor peso relativo na produção da silvicultura (4,3%), registou, um "acréscimo real significativo (+12,5%)", já que a grande disponibilidade de madeira queimada proporcionou um aumento da produção deste tipo de material e, "dada a maior oferta, os preços desceram 4,3%, tendo o valor aumentado 7,7%"..Em 2017, a produção de serviços silvícolas e de exploração florestal apresentou um acréscimo, quer em termos nominais (+13,0%), quer em termos reais (+6,6%), atingindo o valor máximo da série analisada pelo INE..As ajudas pagas ao produtor florestal aumentaram 5,1%, refletindo o aumento nas transferências de capital (+126,9%), já que os subsídios ao produto e os outros subsídios à produção diminuíram 13,6% e 11,5%, respetivamente, aponta o INE..Tal como no ano anterior, em 2017, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu em valor (-4,5%) e em volume (-4,9%), com a FBCF em florestação e reflorestação (plantações de sobreiro, de pinheiro manso e de eucalipto) a descer 0,1% em valor e 0,9% em volume, e a dos produtos não florestais (bens de equipamento, construção) a diminuir 8,5%, quer em valor, quer em volume..O INE refere que, com base em dados de 2016, Portugal estava em 10.º lugar entre os países da União Europeia em termos de peso relativo do VAB da silvicultura no VAB da economia nacional, com 0,5%, superando, por exemplo, Espanha, Itália ou França, com pesos entre 0,1% e 0,2%. .Em 2017, a superfície ardida aumentou para 502 mil hectares contra cerca de 168 mil hectares no ano anterior e o INE explica que, se no curto prazo a oferta de madeira poderá ser maior, com consequente diminuição dos preços, no médio/longo prazo o crescimento florestal poderá vir a ser bastante afetado, conduzindo a uma redução da oferta futura de madeira.