"Entendo que o Governo tem de assumir as suas responsabilidades políticas e, nessa matéria, obviamente que a responsabilidade máxima é do senhor primeiro-ministro e é ele que tem de saber como organiza a sua equipa", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas, quando questionada se a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, se devia demitir..Assunção Cristas não quis pronunciar-se sobre o conteúdo da reunião que manteve hoje com o primeiro-ministro, António Costa, que chamou os partidos à residência oficial para, de acordo com o PCP, discutir a reforma florestal..A líder do CDS lembrou que há um projeto de lei dos centristas com o PSD sobre cadastro florestal e que o partido tem vindo a apresentar propostas, considerando que, independentemente de uma "postura construtiva" que assuma, não se podem "dispersar atenções e deixar por esclarecer aquilo que aconteceu neste episódio em concreto e ao qual o Governo tem de dar respostas"..À saída de um almoço do International Club of Portugal, num hotel de Lisboa, Assunção Cristas reiterou que o primeiro-ministro tem de responder ao requerimento do CDS-PP, que pede, entre dezenas de outros esclarecimentos, a chamada 'fita do tempo', que permite reconstruir os acontecimentos do incêndio em que morreram 64 pessoas, e que é hoje noticiada por vários órgãos de comunicação social.."Há notícias sobre essa matéria, mas a verdade é que a fita do tempo não chegou ainda ao parlamento, como não chegaram a resposta às várias perguntas que nós colocámos", declarou..Assunção Cristas defendeu ainda, sempre insistindo na necessidade de respostas e de "responsabilidades políticas" assumidas pelo Governo, que a viabilização da comissão técnica independente não impede outros inquérito que possam ser instaurados, como da Inspeção-geral da Administração Interna..A líder centrista defendeu que a comissão deve ser integrada por "peritos nacionais e internacionais" e frisou que nada está decidido sobre a forma de indicação desses técnicos: "Não sei se são os partidos a indicar os peritos", disse.."A comissão independente foi uma proposta do PSD, o CDS disse desde a primeira hora que apoiaria todas as iniciativas com a vista a saber o que se passou nesta tragédia, que é um dever nosso, até para tributo e em luto às pessoas que perderam os seus familiares e amigos", declarou..Os incêndios que deflagraram na região Centro, há uma semana, provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado..Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol..A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leira, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março..Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.