António Gonçalves Ferreira afirmou que a "valorização interessante" da campanha que agora se inicia se deve essencialmente a um aumento da procura, a uma perspetiva de produção "ligeiramente menor" e à "capacidade da indústria de transmitir mais valor", fator que os produtores gostariam que fosse o de maior peso..Setor em destaque na X FICOR, Feira Internacional da Cortiça, que decorre de quinta-feira a domingo, em Coruche (distrito de Santarém), a cortiça está ainda a recuperar da quebra "considerável" do preço sentida em 2008-2009, início da crise financeira.."Este ano, a recuperação perspetiva-se muito para além da tendência dos anos anteriores", disse o responsável da APFC..Esta constatação vai servir de mote a um dos painéis da conferência "Cortiça, um setor em mudança", que se vai realizar na manhã de sexta-feira no âmbito da FICOR, com responsáveis da Amorim S.A., da Cork Supply e da Diam Corchos a procurar responder à questão "o que mudou no mercado?", levando a uma valorização "além do que era esperado"..António Ferreira disse à Lusa que a qualidade da cortiça da campanha deste ano só será verdadeiramente conhecida quando se iniciar a extração, altura em que se perceberá se a seca de 2017 teve impacto no crescimento da cortiça no último ano..A FICOR tem servido de palco para uma primeira amostragem da qualidade da campanha, dando aos proprietários uma ideia do valor no mercado e aos industriais uma oportunidade para fazerem a sua própria avaliação, disse..Desde há um ano, a associação "deu um passo em frente" ao criar a Plataforma Eletrónica da Transação da Cortiça, que tornou a negociação da cortiça mais abrangente, mais pública e mais transparente, frisou..Por essa plataforma, onde os produtores que assim o desejem publicam o valor e o local da produção, facilitando o contacto direto com os industriais, passa já "um volume muito relevante" da produção nacional, salientou..Com perto de meio milhar de associados, a APFC abrange uma área de cerca de 216 mil hectares, dos concelhos de Coruche, Mora, Vendas Novas, Benavente, Salvaterra de Magos, Almeirim, Chamusca e Ponte de Sôr, onde a produção de cortiça é predominante a nível nacional..Coruche, onde se produzem 5 milhões de rolhas de cortiça por dia, reivindica para si o título de capital mundial da cortiça, tendo a funcionar no seu território o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, polo de investigação que considera "único a nível internacional", e dinamiza, desde há uma década, a Feira Internacional da Cortiça..O certame tem por objetivo "relançar a cortiça como alavanca da economia nacional, reforçar a liderança internacional de Portugal no setor" e promover a marca Coruche, nas vertentes turística e económica, sublinha a Câmara de Coruche, promotora da FICOR..Quinta-feira, na abertura oficial do certame, o município vai apresentar a marca "Montado de Sobro e Cortiça", que junta 46 entidades das regiões do Ribatejo e do Alentejo e é financiada pelo programa comunitário Alentejo 2020 para "valorizar um recurso endógeno único no mundo, em territórios de baixa densidade".."A marca 'Montado de Sobro e Cortiça' visa fortalecer as parcerias existentes, com os vários agentes da fileira e do território, com o objetivo de obter economias de escala para um forte reconhecimento e valorização do montado, tanto a nível nacional como internacional", procurando tornar o território "melhor para viver, mais atrativo e competitivo para investir e diferenciador dos restantes produtos turísticos", refere o município num documento de divulgação do evento..À apresentação da marca, às 18:00, seguir-se-á a entrega do prémio "Melhor Cortiça 2017", atribuído pela APFC, culminando um dia de visita pela indústria, montado e Observatório do Sobreiro e Cortiça, onde vai ser inaugurada a exposição "iCork -- News uses in Architecture 2.0", pelas 14:30, estando agendada para a noite a atuação do humorista Nilton..A Feira Internacional da Cortiça decorrerá até domingo no Parque do Sorraia (na zona ribeirinha) e no Observatório do Sobreiro e da Cortiça (na Zona Industrial do Monte da Barca).