Cólera no Iémen propaga-se rapidamente a países já à beira da fome, alerta UNICEF

A cólera e os casos de diarreia estão a propagar-se rapidamente no Iémen, Somália e Sudão do Sul, alertou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), num comunicado divulgado em Genebra.
Publicado a
Atualizado a

Segundo o UNICEF, que adverte que a situação pode alastrar-se ao Sudão, os três países estão, paralelamente, à beira da fome e teme-se que o impacto em conjunto com as doenças seja "devastador" entre a população infantil, existindo já "elevados índices" de má nutrição.

O porta-voz do UNICEF em Genebra, Christophe Boulierac, alertou que grande parte das crianças menores de cinco anos, cujo sistema imunitário está já debilitado devido à malnutrição, é "muito mais vulnerável" a doenças diarreicas.

"As crianças que sofrem de malnutrição aguda e severa têm um risco nove vezes maior de morrer de alguma doença em relação a crianças bem alimentadas", sublinhou o porta-voz.

A pior situação vive-se no Iémen, onde foram registados cerca de 260 mil casos suspeitos de cólera, havendo 1.600 óbitos em menos de três meses.

Metade do total diz respeito a crianças, que constituem também um terço do total de vítimas mortais, acrescentou Boulierac, precisando que, no Iémen, residem 2,2 milhões de jovens que sofrem de malnutrição, 462 mil dos quais na sua forma mais severa.

No Sudão do Sul, onde tal como no Iémen é palco de um conflito armado, os casos de cólera reportados este ano atingiram já os 7.000, enquanto 1,1 milhões de crianças sofrem de malnutrição.

Na Somália, acrescentou, há zonas de risco devido à fome, na sequência de uma combinação entre a grave seca e o conflito armado, tendo-se registado, oficialmente, cerca de 53 mil casos, número três vezes superior aos diagnosticados em 2016 e dez vezes superior aos de 2015.

No Sudão, o Ministério da Saúde local reportou a existência de 20 mil casos suspeitos de diarreia aguda, tendo-se registado mais de 400 mortos. Cerca de 20% dos afetados são crianças.

O Estado do Nilo Branco, no centro do país, está em "estado de alerta de alto risco", uma vez que aí se localizam vários campos de refugiados que albergam cerca de 100 mil pessoas.

O Sudão conta ainda com mais de dois milhões de crianças que ainda não chegaram aos cinco anos e que se encontram "fortemente malnutridas", 500 mil delas na sua forma mais severa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt