Doze mortos em atentado contra jornal satírico Charlie Hebdo em Paris
Um ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, fez pelo menos doze mortos. Dois homens armados entraram na sede do jornal por volta das 11.30 horas locais (10.30 de Lisboa) e dispararam sobre a redação. A polícia de Paris, citada pelo jornal Libération, confirma que duas das vítimas são polícias e dez são jornalistas e cartoonistas.
O mesmo representante da polícia confirmou que dois homens armados com armas automáticas e espingardas terão entrado na sede do jornal esta manhã de quarta-feira, com o rosto coberto. Segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, são três os homens envolvidos no atentado, embora não seja claro o papel do terceiro.
"Abriram fogo sobre todos, foi um verdadeiro massacre", contou a fonte policial ao Libération. "Depois os indivíduos saíram, e houve outro tiroteio com a polícia."
Jornalistas que se encontravam num edifício próximo da sede do Charlie Hebdo conseguiram filmar os atacantes, num vídeo em que se ouve "Allahu Akbar" (Deus - ou Alá - é grande). Testemunhas ouvidas pela polícia disseram ainda que os atacantes gritaram "Vingámos o profeta", segundo o jornal Le Monde.
Em seguida, os atacantes terão fugido num automóvel preto de marca Renault, dirigindo-se para a zona de Porte de Pantin, no norte de Paris, onde, segundo o Figaro, atropelaram um transeunte. A seguir a isso, trocaram de carro, roubando a viatura a um condutor, que expulsaram do carro. Foi nesse momento que, segundo uma testemunha, se identificaram como sendo da Al-Qaeda no Yemen.
Para o presidente francês François Hollande, que já esteve no local, não há dúvida que se trata de um ataque terrorista. "A França está em estado de choque", disse o Presidente, que acrescentou que "nenhum ato bárbaro conseguirá extinguir a liberdade de imprensa".
Segundo um jornalista do Charlie Hebdo que não estava no local, a escolha da manhã de quarta-feira para o ataque "evidentemente não é um acaso", visto que é a data da reunião semanal da redação. "No resto do tempo, há poucas pessoas na sede", contou ao Libération.
As redações dos jornais em Paris vão estar sob proteção policial, o que o Presidente François Hollande confirmou na sua intervenção. O jornal avança, porém, que o Charlie Hebdo já se encontrava sob proteção policial discreta.
Também estiveram junto à sede do jornal a ministra da Cultura Fleur Pèlerin e o ministro do Interior Bernard Cazeneuve.
O Charlie Hebdo já foi alvo de vários ataques, quer informáticos, quer às instalações, na sequência da publicação de várias caricaturas de Maomé.