Há sinais de novo enfraquecimento da economia

"Indicador de atividade, disponível até outubro, e de clima económico, disponível até novembro, diminuíram", refere o INE
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Há sinais que apontam para uma nova estagnação da economia ou mesmo deterioração, conforme os indicadores mais recentes considerados. Ontem, o Instituto Nacional de Estatística (INE) avisou que "em Portugal, o indicador de atividade, disponível até outubro, e o de clima económico, disponível até novembro, diminuíram".

Na sexta-feira passada foi o Banco de Portugal a assinalar que "em novembro, o indicador coincidente para a atividade estabilizou, enquanto o do consumo privado diminuiu ligeiramente".

O ano de 2016 estava a ser marcado por uma recuperação dos níveis de confiança e de atividade, mas novos dados parecem indicar o contrário, apesar de existirem ainda muitos sinais divergentes. O investimento corre mal, mas o consumo mantém alguma força.

Na síntese de conjuntura ontem divulgada, o INE mostra que pode ter terminado o ciclo de retoma da confiança em Portugal (durava desde o início do ano), a que tanto tem aludido o ministro das Finanças. Isso pode ser determinante para o que virá a seguir já que antecipa novos limites à atividade, usando os argumentos do próprio Mário Centeno, em novembro.

"O indicador quantitativo do consumo privado apresentou um crescimento homólogo mais elevado em outubro, refletindo o comportamento de ambas as componentes, consumo duradouro e consumo corrente." No entanto, "o indicador de formação bruta de capital fixo (FBCF) diminuiu devido ao contributo negativo da componente de material de transporte e ao contributo menos positivo da componente de máquinas e equipamentos", repara o INE. Já as exportações e importações de bens saíram ligeiramente reforçadas, com expansões de 2,4% e 3,1% em outubro, respetivamente. O turismo tem sido um dos motores.

O INE indica que na indústria e nos serviços a atividade ainda evolui de forma favorável, mas isso é ensombrado pela construção, que continua em queda.

Já no clima económico parece haver uma inversão de tendência. Está a piorar há dois meses consecutivos. Ganhou força de janeiro até chegar ao melhor valor do ano (1,4, em setembro), mas em outubro iniciou novo deslize. Isto terá mais que ver com uma quebra na moral dos empresários (sobretudo nos serviços e na construção e obras públicas), já que os consumidores continuam em alta.

O maior pessimismo de alguns empresários tem consequências materiais imediatas. No investimento, por exemplo. Segundo o INE, "o indicador de FBCF diminuiu em outubro, retomando o movimento descendente iniciado em abril de 2015".

Em novembro, quando Mário Centeno comentou o crescimento surpreendente do produto interno bruto de 1,6% no terceiro trimestre, disse que "os indicadores de confiança, coincidentes e avançados de várias instituições já faziam prever uma aceleração da atividade económica". Agora, pode estar a suceder o contrário.

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