A queda nas vendas para a China e para Angola, dois dos mercados mais importantes para Portugal, explica, em grande parte, a retração de 2,5% nas exportações portuguesas em abril, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). No entanto, sem o esperado arranque da economia, as importações caíram ainda mais (-7,3%). O défice da balança comercial acabou por baixar para 518 milhões de euros, sem contar com combustíveis e lubrificantes.."A situação internacional não está boa e quando não está boa nos países que são destino das nossas vendas não há como fazer aumentar as exportações. Se esses mercados estão em crise (...), não há milagres", reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República..A quebra das exportações para Angola atingiu 46,8%. Luanda, a braços com uma crise financeira provocada pela queda nas receitas do petróleo, passou a ser o décimo destino das exportações portuguesas; há um ano era o sexto..Impressionante é a queda de 60,9% nas vendas para a China . Pequim, fruto do arrefecimento da economia, também deixou de ser um dos dez maiores destinos dos produtos saídos de Portugal..A pesar mais nas exportações portuguesas estão países da União Europeia como o Reino Unido (+10,5%), França (+7,6%) e Espanha (+5,9%). Estes dois são os principais clientes dos produtos portugueses..A crise económica e a queda dos preços das ramas de petróleo explicam, por outro lado, a diminuição de 65,4% nas importações de produtos provenientes de Angola. São quase dois terços menos, qualquer coisa como 81 milhões de euros. Portugal já importa mais dos Estados Unidos - são 198 milhões, apesar de uma quebra de 41% nas compras. Ambos deixaram de pertencer aos dez maiores países fornecedores..França foi um dos fornecedores de Portugal com maior crescimento em abril (+10,1%). Espanha, mesmo com um modesto aumento de 0,5%, é ainda a nosso principal fornecedor..As importações de carros destacam-se, com um aumento de 23,2% em abril. É o reflexo da melhoria das vendas de automóveis em Portugal, em resultado da subida de rendimentos das famílias. O reverso da medalha são as exportações. A redução da produção na Autoeuropa, com menos um modelo, levou à quebra de 11,3% nas vendas de automóveis para fora do país. As importações de bens de consumo não duradouros, como alimentos, baixaram também 17,8%. Sem combustíveis e lubrificantes..Esta diminuição, "apenas num mês, não significa, por si só, uma descida do consumo em Portugal", considera Ricardo Cabral. O economista da Universidade da Madeira prefere "esperar para ver" os dados do comércio internacional dos próximos meses.."Tem havido transferência de rendimento para os bens duradouros [que subiram 6,8%]", além de esta descida "refletir um período de maior incerteza política até ao início do ano", explica Filipe Garcia. O economista da IMF espera que, nos próximos meses, "as importações dos bens não duradouros comecem a subir", com redução dos bens duradouros.."Vamos esperar que [os nossos principais mercados de exportação] melhorem", conclui Marcelo Rebelo de Sousa.