Bruxelas contradiz Centeno e insiste que não impôs solução do Banif
A comissária da Concorrência diz-se "ansiosa" para enviar respostas "substanciais" e documentação para a comissão de inquérito ao Banif. Margarethe Vestager contradiz o ministro Mário Centeno e nega qualquer responsabilidade ou pressão de Bruxelas para a resolução do banco.
"Claro que temos a nossa responsabilidade para aquilo que é a nossa responsabilidade, que é fazer o controlo das ajudas estatais e assegurarmo-nos de que, se a ajuda de estado é concedida, é dada a uma instituição que pode ser viável", afirmou, dizendo que a Direção-Geral da Concorrência se limitou a fazer o trabalho que lhe cabe.
"Nesta situação, não fizemos nem mais, nem menos do que se fez em situações anteriores quando se trata de situações de ajudas de Estado", afirmou a Comissária, considerando que isto não são "nem decisões para [o banco] ser posto em resolução, nem decisões sobre a quem deve ser vendido".
Ontem, através do comissário do Euro, Valdis Dombrovskis, Bruxelas já tinha dito que "não impõe soluções para bancos em dificuldades". Mais tarde, na comissão de inquérito ao Banif, Mário Centeno contradisse a Comissão.
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"Que não tenha havido uma forte imposição, e uma forte posição negocial da DG Comp [Direção-Geral da Concorrência] nesta fase do processo, não posso corroborar", disse Mário Centeno. Hoje, Bruxelas insiste que não podia impor uma solução.
"Uma das razões pelas quais nós não impomos soluções é porque não é o nosso trabalho. Não é o que fazemos. Não está nas nossas competências. Isso cabe às autoridades portugueses. É da responsabilidade deles. Nós não podemos, não o desejamos, nem nos é possível", garantiu a comissária da Concorrência, manifestando também a disponibilidade para entregar documentos e dar "respostas substanciais" sobre o Banif.
"Estamos ansiosos para fornecer a documentação solicitada, mas também respostas substanciais para algumas destas questões, o que obviamente vamos fazer", disse a comissária.
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