24 julho 2016 às 00h16

Irmãos Costa, os mais recentes campeões do mundo de vela

Pedro e Diogo festejaram o título mundial em San Remo e apontam agora aos Jogos Olímpicos de 2020. Chegam domingo ao Aeroporto Sá Carneiro e esperam condecoração de Marcelo.

Isaura Almeida

São irmãos e ontem sagraram-se campeões do mundo de vela Classe 420 (vertente pré-olímpica num barco com quatro metros e 20 centímetros). Pedro e Diogo Costa terminaram as duas últimas regatas do mundial em 3.º e 8.º e asseguraram o lugar mais alto do pódio em San Remo (Itália). Chegam domingo às 17.00 ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.

Ofegante e apenas uma hora depois de se sagrar campeão do mundo, Diogo Costa procurava palavras para definir o que lhe ia na alma. "É difícil explicar, é impressionante, é um sonho realizado. Um sonho que tínhamos como objetivo, mas que sabíamos que ia ser muito difícil... eu ainda não caí em mim, mas o meu irmão já está a festejar que nem um louco [risos]", contou o jovem velejador ao DN.

Fazer dupla com o irmão "é complicado", pois acabam por fazer a mesma vida 24 horas por dia. "Juntos em casa, juntos quando vamos para fora, juntos no barco, estamos sempre juntos e às vezes é complicado, mas damo-nos muito bem e formamos uma grande dupla", confessou Diogo, lembrando que momentos como o de ontem fazem ainda "mais sentido" quando partilhados com o irmão e "compensam tudo".

Partiram para a última regata a dez pontos da dupla francesa, mas tinham o trabalho de casa feito e por isso sabiam que podiam vencer. "Acreditámos sempre. Sabíamos que os franceses não eram muito fortes com as condições que nos esperavam. Sabíamos que ia ser muito difícil, até porque os americanos estavam muito próximos de nós e a andar muito bem - acabaram por ficar em segundo -, mas demos o litro e conseguimos", explicou o atleta.

O irmão, Pedro Costa, também ficou com a sensação de dever cumprido: "Concretizámos o nosso sonho. Viemos para o Mundial com expectativas menos elevadas, mas conseguimos superar-nos."

Já o presidente da Federação Portuguesa de Vela não podia estar mais feliz com o título mundial. José Manuel Leandro apelidou o triunfo dos irmãos Costa como "uma vitória contra a falta de condições" e apoios. "Muitas das despesas destes atletas são do bolso deles. Tudo isto se deve muito também aos pais e aos clubes que estão por detrás destes resultados. Torna-se ainda mais saboroso e fico mais contente porque é um esforço de muita gente, que devia ser acompanhado pelo Estado e muitas vezes não é", queixou-se.

Já a pensar em Tóquio 2020

Depois de se sagrar campeã mundial, a dupla portuguesa também campeã nacional já trabalha num plano olímpico. "Agora vamos passar para uma classe olímpica e tentar o apuramento para os Jogos de Tóquio 2020. Já temos um projeto montado e vamos tentar fazer o melhor possível nos próximos quatro anos e continuar a fazer vida da vela, que para nós é a "bela da vida" e continuar este sonho", revelou Diogo Costa, ansioso por treinar na classe olímpica (460).

E é possível viver da vela em Portugal? "É muito difícil, mas é possível. Ainda hoje [sábado] estive a falar com um senhor português que ganhou uma medalha olímpica e foi recebido pelo Presidente da República, e que vive da vela, por isso dá, com muito trabalho, empenho e gosto, claro", respondeu Diogo Costa, que já anseia pelo telefonema ou condecoração de Marcelo Rebelo de Sousa: "Vamos ver, a nossa parte está feita. Somos campeões do mundo."

Diogo e Pedro Costa treinaram quatro dias em Valência antes de rumar a San Remo, onde terminaram o mundial de 420 em 1.º lugar, seguidos dos americanos Wiley Rogers/Jack Parkin e dos gregos Vasilios Gourgiotis/Orestis Batsis. Ainda no Grupo de Ouro da frota Open, os portugueses Tomás Barreto/João Prieto foram 23.º, Rita Lopes/Pedro Cruz ficaram em 35.º lugar e João Bolina/Francisco Rodrigues acabaram em 45.º.