O estádio onde Portugal disputa a final do Euro2016, no domingo, tem 80 mil metros quadrados de pavimento e 7,8 quilómetros de escadas construídos por 50 trabalhadores portugueses numa empreitada comandada por uma empresa portuguesa.."O Stade de France foi uma obra onde estivemos dois anos e meio com uma média de 50 trabalhadores, 90 por cento dos quais portugueses. Fizemos o pavimento de oitenta mil metros quadrados à volta do estádio e 7,8 quilómetros de escadas. Foi um número que me ficou sempre na cabeça porque foi a última obra que fiz como engenheiro", descreveu à Lusa Arthur Machado, presidente da Central Pose, a empresa responsável pela obra..O estádio, com capacidade para 80 mil espetadores, foi inaugurado em janeiro de 1998 e, agora, o empresário espera que as mãos portuguesas que o ajudaram a construir, em Saint Denis, tragam sorte a Portugal.."Era bom que desse sorte. Para nós, a sorte foi de trabalhar naquela obra. Foi já uma grande honra e se a gente pudesse ganhar lá a final, era uma obra que ia ficar ainda mais gravada na nossa história", afirmou..O português, de 50 anos, acrescentou que "é sempre uma honra dizer" que se trata de uma obra feita por portugueses, considerando que "é bom para a imagem saber que a comunidade portuguesa em França tem um grande papel no enriquecimento do país que é a França"..À medida que mostra fotografias das obras junto ao estádio, tiradas há quase vinte anos, na década de 90, o português conta que um dos episódios que mais o marcou nessa altura foi ter trocado umas palavras "com Ronaldo, o brasileiro".."Tive a ocasião de encontrar o Ronaldo, o brasileiro, que veio visitar o estádio antes da final [do Mundial de 1998] que perdeu com a França. Veio visitar a relva, ver se estava boa. Foi uma coisa engraçada porque estávamos em reunião e eu comecei a olhar e disse: 'Conheço aquela pessoa, mas não sei quem é', e aproximei-me e era o Ronaldo, o brasileiro", recordou..Entre as fotografias que desfilam sob os dedos no telemóvel, várias testemunham as obras emblemáticas em que participou, como a Avenida dos Campos Elísios, onde, depois da meia-final contra o País de Gales, na quarta-feira, milhares de portugueses desfilaram de carro com bandeiras de Portugal.."Os Campos Elísios foi em 89. A gente fez toda a avenida de um lado e do outro e até foi uma das obras que lançou a empresa. Fizemos os passeios e alguns bocados da estrada", explicou, acrescentando que fez outras obras em zonas bem conhecidas como a Eurodisney ou a Praça da República, em Paris, "hoje considerada a praça da paz" e onde deixou "uma marca com os nomes de todos os portugueses que trabalharam na obra"..Chegado a França com apenas seis meses, vindo de Santa Catarina da Serra, no concelho de Leiria, hoje a sua empresa tem um volume de negócios de 38 milhões de euros e emprega uma média de 380 pessoas, fazendo parte de um grupo chamado "Machado et Fils Holding" com 54 milhões de euros de volume de negócios..Arthur Machado é também o presidente da SAD do Lusitanos Saint-Maur, um clube fundado por imigrantes portugueses que celebra, este mês, 50 anos e conquistou, em junho, a subida ao quarto escalão do futebol francês, conhecido como CFA..O US Lusitanos subiu de escalão depois da chegada, em 2015, do antigo jogador do FC Porto e da Seleção portuguesa Carlos Secretário, depois de na temporada 2014/15 a equipa ter sido campeã da Divisão de Honra..Além do clube profissional, o Lusitanos de Saint-Maur tem 27 equipas e 800 jovens a treinar, sendo, de acordo com Arthur Machado, "o clube português mais português em França", em referência à histórica rivalidade com o Créteil-Lusitanos.