Uma carta de amor à juventude
Três Recordações da Minha Juventude foi das ausências mais notadas na competição oficial da última edição do Festival de Cannes. O facto será de sublinhar, com alguma perplexidade, porque estamos perante um belíssimo trabalho de ressonância emocional, no qual Arnaud Desplechin liberta uma encantatória destreza literária para visitar memórias.
Considerado como uma prequela de Comment je me suis disputé... (ma vie sexuelle), de 1996 - que não estreou nas nossas salas - Três Recordações é, no entanto, um filme com respiração própria, ligado apenas pelo jogo de nomes entre as personagens, que o cineasta perpetua na sua filmografia.
[youtube:bX9gogmJ5HE]
Paul Dédalus (sempre Mathieu Amalric) é então o homem a quem são despertadas três lembranças de um passado intenso - o drama da infância, uma passagem pela Rússia e o primeiro amor. Esther, centro e abismo romântico de Dédalus (num tempo em que ainda se escreviam cartas...) é o fragmento maior deste vívido passeio pela memória, evidenciando o fascínio do cinema pelas idiossincrasias da juventude. Muito em particular, as da juventude francesa. C"est merveilleux!
Classificação: ****