"Um ato de resistência": Museus e teatros voltam a abrir as portas
É oficial. As portas da cultura voltaram a abrir em Paris, com segurança reforçada, no terceiro dia após o atentado que visou justamente alguns locais culturais daquela cidade, como a sala de espetáculos Bataclan.
No sábado e domingo os espetáculos foram cancelados e as salas de cinemas, museus, teatros e bibliotecas permaneceram de portas fechadas. Esta segunda-feira às 13.00, após o minuto de silêncio às 12.00 (11.00 em Lisboa) em homenagem às vítimas dos atentados - atualmente contam-se 129 mortos e 350 feridos - reabriram.
A ministra da Cultura e da Comunicação, Fleur Pellerin, esteve reunida no domingo à tarde com os diretores dos estabelecimentos culturais públicos de Paris, do museu do Louvre ao de Orsay ou ao recentemente reaberto Rodin, como do Théâtre de Chaillot à Filarmónica de Paris. Na sequência da reunião, foi emitido o comunicado que dava conta da reabertura dos referidos locais.
A torre Eiffel, um dos locais onde a segurança está, desde sexta-feira, mais reforçada, permanece, contudo, fechada "até nova ordem". De luzes apagadas após os atentados, foi de seguida alumiada de novo a pedido de Anne Hidalgo.
[citacao:A cultura é um dos mais importantes baluartes face à barbárie]
Os primeiros lugares culturais a reabrir, ainda no domingo, foram os cinemas, à exceção dos que pertencem à rede Pathé-Gaumont. No site da rede Ecrans de Paris, a que pertencem salas como a de L'Arlequin ou do Reflet Médicis, ambos no Quartier Latin, lia-se a seguinte mensagem: "Não aceitamos ceder ao medo e ao pânico que desejam expandir os autores destes atos terríveis. A cultura é um dos mais importantes baluartes face à barbárie."
Também a feira internacional de fotografia documental, What's up Photo Doc, abriu as suas portas ao público no domingo, no 20.º bairro parisiense, Bellevilloise.
[citacao:Reabrir os locais é um ato de resistência]
"Claro que é preciso um tempo de luto, e há constrangimentos de segurança da Prefeitura de Paris. Mas não desejamos prolongá-las para lá do fim de semana. Fechar os lugares culturais é submetermo-nos. O risco seria de dobrarmos a espinha", declarou Bruno Julliard, adjunto da presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, responsável pela cultura.
Ainda citado pelo jornal francês Le Monde, Julliard disse que foi justamente "porque Paris é uma capital cultural que fomos atacados. A liberdade de criação e a vida festiva são o ADN de Paris. Reabrir os locais é um ato de resistência. A melhor resposta que podemos dar é defender o nosso modo de vida".