Quando começa a chamada "temporada de prémios", é quase inevitável depararmos com filmes que, apesar de não muito protegidos pela dinâmica promocional dos mercados, adquirem alguma visibilidade por causa do trabalho dos seus actores. É o caso desta produção britânica, escrita e dirigida por Andrew Haigh (a partir de um conto de David Constantine): Charlotte Rampling e Tom Courtenay já ganharam os prémios de interpretação do Festival de Berlim, tendo sido ela distinguida como melhor actriz do ano nos Prémios do Cinema Europeu. Em cena está um casal à beira de comemorar os 45 anos do seu casamento, efeméride abalada pela chegada de notícias da morte de uma mulher que pertenceu ao passado muito remoto do marido.
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Sem recorrer a qualquer dramatismo postiço, mas evitando também qualquer redenção romântica, Haigh constrói uma teia delicada sobre a persistência do amor e a cegueira do ciúme, recusando encurralar as personagens em qualquer sanção moral - nesse labirinto de coisas não ditas, Rampling e Courtenay são, de facto, magníficos.
Classificação: ***