Os Oito Odiados

O teatro segundo Tarantino. A não perder
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De facto, The Hateful Eight não são Os Oito Odiados. O título original era, obviamente, ingrato para qualquer tradução, quanto mais não seja porque não parece possível preservar a rima sonora do inglês. Em qualquer caso, as oito personagens de Tarantino são seres "odiosos" e "detestáveis" - não há sequer quem os possa odiar porque, em boa verdade, quase não existem outras personagens.

Isto para dizer que, retomando as obsessões que vêm da sua primeira longa-metragem (Cães Danados, 1992), Tarantino nos oferece uma admirável arquitetura narrativa em tudo e por tudo visceralmente teatral: primeiro, porque o espaço é tão fechado quanto claustrofóbico; depois, porque a matéria primeira de todas as trocas, cumplicidades e traições é a palavra.

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Em cena está um confronto tenso, potencialmente sangrento, em paisagens clássicas do western, pontuadas pela partitura de Ennio Morricone - Tarantino consegue, finalmente, trabalhar com o seu compositor de eleição, recuperando a energia trágica dos westerns (de Sergio Leone) que ele musicou.

Classificação:. *****

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