O romanesco francês segundo Desplechin

Três Recordações da minha Juventude, Arnaud Desplechin
Publicado a
Atualizado a

Se há no atual cinema francês algum autor que seja um herdeiro direto do romanesco de François Truffaut (1932-1984), creio que será Arnaud Desplechin. De facto, o realizador de Reis e Rainha (2004) e Um Conto de Natal (2008) tem uma obra também profundamente tocada pelas convulsões familiares e, em particular, pelos dramas de passagem da juventude à idade adulta. Neste filme (apresentado na Quinzena dos Realizadores de Cannes/2015), logo o título é esclarecedor. Trata-se de percorrer, através de um admirável ziguezague temporal, uma existência juvenil com importantes e assumidas componentes autobiográficas (inclusive através da referência a Roubaix, cidade onde Desplechin nasceu, em 1960).

[youtube:1sBLEePNiP0]

Esta é, enfim, uma narrativa que sabe colocar em cena a diferença entre os desejos da personagem central e a crueza nem sempre acolhedora da realidade. A destacar: a personagem de Esther (Lou-Roy Lecollinet), mulher que oscila entre o mistério quase divino e a banalidade mais desarmante, fazendo lembrar algumas personagens de... Truffaut!

Classificação: ****

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt