O fôlego de uma noite berlinense

Victoria, Sebastian Schipper
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O tempo estende-se como uma longa e sinuosa passadeira em Victoria, filme de um take, que se junta à lista integrada pelo magnífico Arca Russa, de Sokurov. Esta é a experiência intensa e o desafio cinematográfico de uma madrugada em Berlim, vivida por uma espanhola de "boa onda", interpretada por Laia Costa. Só essa personalidade explica que, no início do filme, a protagonista se deixe contagiar pela energia de um grupo de alemães alcoolizados, à saída da discoteca onde, numa solidão colorida, dançava.

Algo se anuncia nestes primeiros momentos, mas não se identifica em que nota seguirá a melodia urbana - que chega a ter uns minutos de Liszt, com Victoria ao piano. Há amor a nascer entre ela e um dos rapazes? Há um segredo por desvendar? Para onde a leva aquela noite estrangeira?

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Descobrimo-lo, com fascínio, através da câmara perfeitamente controlada, durante duas horas, por Sturla Brandth (que nos créditos finais surge antes do realizador, Sebastian Schipper), ela própria uma personagem silenciosa, um olhar que se molda à agitação do rosto feminino, ora extasiado ora espavorido.

Classificação: ***

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