Boi Neon foi um dos momentos altos do IndieLisboa, no passado mês de Abril. Uma sala cheia para o filme do brasileiro Gabriel Mascaro, que observa o nomadismo de um conjunto de personagens ligadas à Vaquejada - atividade recreativa característica do Nordeste brasileiro, que consiste numa corrida de cavalos com vista a derrubar bois.
Numa aparência híbrida, que tem tanto de realismo mágico como de olhar documental e antropológico, e sem qualquer configuração narrativa, Boi Neon procura constituir-se como uma reflexão sobre os corpos, humanos e animais, que a câmara regista no trânsito dos seus dias.
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Detendo-se sobre a fantasia particular do vaqueiro Iremar (Juliano Cazarré), que passa os tempos livres a costurar roupas e adereços exóticos para a colega, condutora do camião e dançarina noturna, o filme pontua-se também de fragmentos performativos que alimentam sobretudo um propósito estilístico e formal. É isso que reveste o retrato rural de elementos sedutores, desconstruindo lugares comuns da masculinidade, sem, no entanto, ir muito além da metáfora e de um naturalismo mascarado.
Classificação: **