A editora Siloé, sedeada em Burgos, Espanha, e especialista na produção de fac-símiles, adquiriu os direitos de publicação do manuscrito de Voynich, também conhecido como Códice Voynich ou "livro impossível". Até hoje, ninguém conseguiu decifrar este documento, cuja linguagem e ilustrações mantém-se um completo mistério..Os interessados podem já encomendar uma das 898 cópias exatas anunciadas. O preço? Entre sete e oito mil euros - uma quantia simbólica face ao incalculável privilégio que será poder analisar o misterioso manuscrito. Trezentas pessoas já asseguraram a sua reprodução, confirma o The Guardian. Os primeiros fac-símiles só estarão, contudo, disponíveis nos próximos dezoito meses (até lá, pode ficar a conhecer as páginas aqui.).O manuscrito de Voynich terá sido escrito na Europa Central, no século XV. De acordo com os resultados da datação com radiocarbono conduzida pela Universidade do Arizona, ao papel usado, a origem do 'livro impossível" deve situar-se entre 1404 e 1438..Nem a autoria nem a língua em que foi redigido foram ainda apuradas, embora o investimento académico nessa tarefa tenha sido considerável. No total, são 246 páginas, 170 mil carateres, 15 a 25 letras diferentes e palavras de, em média, 4 a 5 letras. Nenhuma pontuação parece ter sido usada nas "frases" presumivelmente escritas da esquerda para a direita..As intrigantes páginas são ainda ilustradas com figuras curiosas: desenhos botânicos que representam espécies desconhecidas de plantas; nus femininos com abdómenes inchados, imersos em líquido ou interagindo de uma forma estranha com tubos e cápsulas; nove medalhões cosmológicos; mais de 100 espécies de ervas com características medicinais; desenhos astronómicos e astrológicos, incluindo símbolos do zodíaco..Nas 220 páginas ilustradas, em que figuram 113 géneros totalmente desconhecidos de plantas, não figuram símbolos e motivos religiosos. Especula-se, por isso, que o manuscrito tenha um foco científico ou mágico..A hipótese de que o manuscrito não passe de um embuste é, por outro lado, avançada por alguns investigadores, que acreditam que as letras não pertencem a nenhuma língua (nem mesmo a um idioma inventado) e que as plantas desenhadas são produtos da imaginação. Aliás, a origem do livro pode ser posterior às datas já referidas, tendo sido usado papel mais antigo..Ainda assim, Raymon Clemens, curador da biblioteca de Beinecke da Universidade de Yale (onde o manuscrito de Voynich está atualmente guardado), diz que muitas pessoas querem consultar o frágil manuscrito, daí o investimento na produção de fac-símiles..O manuscrito foi doado à biblioteca em questão por H.P. Kraus, viúva do alfarrabista polaco-americano Wilfrid M. Voynich, que em 1912 comprou o livro..Anteriormente, o "livro impossível" terá estado na posse do imperador Rodolfo II da Alemanha, que o terá comprado ao astrólogo inglês John Dee. Em sua posse, Dee tinha vários manuscritos de Roger Bacon, monge inglês do século XIII considerado o autor do manuscrito em questão até à recolha dos resultados da datação com radiocarbono..Leonardo Da Vinci foi igualmente avançado como possível autor, mas a hipótese não chegou a ser confirmada.